"Manchester Sh**tty?", brincou uma amiga inglesa quando conversamos sobre a final da Liga dos Campeões. Não traduzirei o palavrão por cortesia aos leitores, mas basta dizer que é um trocadilho em inglês entre a palavra "City" e algo bem ruim. "Minhas referências de sucesso quando penso em Manchester ainda são o United", disse-me, rindo. Ela anda bem desatualizada mas, até alguns anos atrás, seria realmente impossível pensar que o City se tornaria tão dominante.
Em 2008, quando foi comprado pelos bilionários de Abu Dhabi, o City estava havia mais de 30 anos sem ganhar um grande título e acabara de terminar a temporada da Premier League em nono lugar, incríveis 32 pontos atrás do campeão United. O resto da história todos conhecem.
Agora, chegou o momento em que o clube pode entrar de vez para a lista dos maiores do futebol mundial. Não que os títulos desde que Pep Guardiola assumiu em 2016 –incluindo cinco da Premier League em seis anos e duas Copas da Inglaterra– sejam pouco, pelo contrário. Mas a cereja do bolo seria o inédito troféu da Liga dos Campeões. E eles sabem disso.
"Temos que ganhar o título europeu para sermos considerados um dos melhores, como Manchester United ou Liverpool", disse Guardiola. A confirmação pode sair neste sábado (10), quando o time enfrenta a Inter de Milão na final como favorito. Também pode fazer história em casa. O único clube inglês a conseguir a tríplice coroa –títulos da Premier League, da Copa da Inglaterra e da Liga dos Campeões– foi o rival United comandado por Alex Ferguson, em 1999.
Alguns rivais reclamam que é impossível competir contra um clube em que dinheiro nunca será problema. Debates sobre sportswashing –quando governos ou empresas usam o esporte para melhorar a própria reputação– sempre incluirão o City. E há a investigação em andamento em que o clube é acusado de quebrar mais de cem vezes as regras financeiras da liga inglesa.
Na Champions, foi um rolo compressor contra rivais de peso como Bayern de Munique e Real Madrid. Chega para a decisão com um time ultratalentoso com um técnico genial que por vezes parece movido por um sentimento de "todos estão contra nós, nós contra o mundo". Estará tão perto da imortalidade e tão longe do coração de muita gente.
Ibra se despede
Qualquer semelhança entre Zava –o atacante egocêntrico do fictício AFC Richmond na série Ted Lasso– e Zlatan Ibrahimovic não é mera coincidência. O ator já disse em entrevista que o sueco serviu de inspiração para a personagem. Até fisicamente os dois se parecem.
Nesta semana, o verdadeiro Ibrahimovic anunciou a aposentadoria, aos 41 anos. Em 24 anos como profissional, marcou centenas de gols nas principais ligas europeias e teve passagens por Juventus, Inter de Milão, Barcelona, PSG, Manchester United, LA Galaxy e Milan. Ao se despedir no gramado do estádio San Siro, disse: "Nós nos vemos por aí –se vocês tiverem sorte". Ibra sendo Ibra.
Orgulho da Bia
Quando dizem que nosso senso de identidade nacional está intimamente ligado ao esporte, é a mais pura verdade. Que orgulho de ser brasileira ao ver o que Beatriz Haddad Maia fez em Roland Garros. Demonstrou coragem, talento e força mental impressionantes e só parou na semifinal para a número um do mundo Iga Swiatek. Pode entrar para o top 10 do ranking mundial na semana que vem, outro feito impressionante. Que venha Wimbledon!
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