Marina Izidro

É jornalista e vive em Londres. Cobriu seis Olimpíadas, Copa e Champions. Mestre e professora de jornalismo esportivo na St Mary’s University

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Marina Izidro
Descrição de chapéu Olimpíadas 2024 Paris

A uma semana da abertura, Paris está pronta para receber os Jogos?

Essa é a pergunta mais comum antes de todas as Olimpíadas

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A falha global no sistema da Microsoft fez um estrago aqui no Reino Unido. Afetou transportes, hospitais, bancos, supermercados. Houve caos em aeroportos, voos atrasados, consultas e tratamentos médicos cancelados. Uma das principais emissoras de televisão ficou fora do ar na manhã de sexta-feira (19).

Em Paris, o Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos disse que a pane atrapalhou a entrega de credenciais e poderia atrasar a chegada de atletas.

Mas e se um problema de TI deste tamanho, ou pior, acontecesse na hora da cerimônia de abertura? Ou antes da final dos 100 m rasos do atletismo? A uma semana dos Jogos, é impossível não fazer essa correlação.

Mas não serei fatalista ou pessimista. Em um megaevento esportivo, assim como na vida, não dá para controlar tudo. Prestes a viajar para minha sétima cobertura in loco de Jogos Olímpicos, repito o que escrevi em abril, na coluna "As Olimpíadas de Paris não vão dar errado": é normal –e importante– focar em problemas antes de o esporte começar.

A imagem mostra vários policiais em uma rua bloqueada por barreiras de metal. Alguns policiais estão de pé, enquanto outros estão conversando. À direita, uma mulher está andando de bicicleta. Ao fundo, há edifícios históricos e um céu azul com algumas nuvens.
Policiais orientam ciclista em área bloqueada por conta das Olimpíadas - André Fontenelle/Folhapress


Falemos então do que foi possível controlar. A imagem olímpica mais vista esta semana foi a da prefeita de Paris, Anne Hidalgo, nadando no Sena, o que há mais de 100 anos era ilegal. Foi uma promessa feita por ela para provar que o rio pode receber a natação do triatlo e a maratona aquática, depois de um investimento equivalente a quase R$ 8,5 bilhões em obras de infraestrutura e despoluição. Uma grande dor de cabeça para os organizadores, já que, dias atrás, o rio ainda tinha níveis de bactérias acima do permitido. Agora, é torcer para não chover, o que pode fazer a poluição aumentar. Se tudo der certo, será o grande legado ambiental dos Jogos.

Outro ponto em que os organizadores acertaram –e é fácil fazer isso em Paris– é repetir a fórmula de sucesso de toda cidade-sede: usar cartões-postais como local de competição. O vôlei de praia será aos pés da torre Eiffel; o hipismo, no Palácio de Versalhes; a cerimônia de abertura, no Sena, pela primeira vez fora de um estádio. Arenas prontas, sem atraso. Até porque, 95% já existiam ou são temporárias. Não ter elefantes brancos é outra estratégia, essa de sobrevivência, dos Jogos Olímpicos. Em vez de construir, reformar o que já existe, incluindo ampliação de ciclovias e metrô. Claro que nem tudo são boas notícias: algumas linhas não ficarão prontas a tempo.


Estou curiosa para ver qual porcentagem do público será local. Amigas que já estão por lá disseram que Paris está vazia. Muitos moradores deixaram a cidade, irritados com obras e fechamentos de ruas. Espero que os que reclamam não sejam os mesmos que vão lucrar milhares de euros nos Jogos alugando seus imóveis para turistas por preços astronômicos.

O dia oficial da abertura é 26 de julho, mas antes começam futebol, rúgbi, handebol e tiro com arco. Serão mais de 10 mil atletas de 206 países disputando 32 esportes ao longo de 19 dias. Os Jogos Paralímpicos vão de 28 de agosto a 8 de setembro, com quase 4.500 atletas. Os melhores dos melhores, no auge, competindo ao mesmo tempo. Imagino que o humor dos franceses vai mudar quando os atletas da casa começarem a ganhar medalhas – e essas terão um pedaço da torre Eiffel.

A menos de uma semana para Paris receber o mundo, quase tudo parece pronto. Mas, até lá, os franceses vão ouvir bastante a pergunta feita antes de toda edição dos Jogos: vai dar certo? "C’est la vie", como eles dizem.

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