Mirian Goldenberg

Antropóloga e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, é autora de "A Invenção de uma Bela Velhice"

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Alguém tem o telefone da Luiza?

É preciso alimentar a coragem, o sonho e a esperança de que os brasileiros irão se unir para curar o Brasil

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Por que, apesar de mais de 300 mil mortes, ainda falta liderança, união e coragem para combater a pandemia e o pandemônio no Brasil? Por que, mesmo com mais de três mil mortes diárias, tantos brasileiros apoiam e se identificam com sociopatas genocidas? O que podemos fazer para curar a doença, a maldade, o ódio, a violência, o pânico, o desespero e a desesperança?

Desde os 16 anos tenho o hábito de anotar os meus sonhos nos mínimos detalhes. Ando pensando tão obsessivamente em encontrar alguma saída para a tragédia que está destruindo o Brasil, que acabei tendo um sonho muito especial.

No meu sonho, eu participava do primeiro encontro da FASBEM, sigla da “Frente Ampla de Salvação do Brasil com Esperança e Mudança”. Eu estava sentada entre a Luiza Trajano, que coordenava a reunião, e o Felipe Neto, que registrava minuciosamente todas as ideias apresentadas. Não consegui anotar as sugestões de todos os participantes, mas lembro que fiquei muito entusiasmada com as propostas de Miguel Nicolelis, Margareth Dalcolmo, Natalia Pasternak, Atila Iamarino e Drauzio Varella.

Luiza Trajano, apoiada com o cotovelo em uma cadeira
A empresaria Luiza Trajano - Eduardo Knapp/Folhapress

Luiza abriu o encontro: “É tempo de esperança, união e coragem. A FASBEM nasceu com o propósito de mostrar que cada um de nós tem a responsabilidade, o compromisso e a missão de cuidar, proteger e salvar as vidas dos brasileiros. Estamos juntos com um único objetivo: curar o Brasil. Viva o povo brasileiro!”

Ela lembrou que caridade é sinônimo de fazer o bem, de compaixão, união, amor, generosidade e humanidade. Emocionada, leu a mensagem do Papa Francisco para a Quaresma: “É tempo de renovar a fé, esperança e caridade. É tempo de dizer palavras de incentivo, que reconfortam, consolam, fortalecem, estimulam, em vez de palavras que humilham, angustiam, irritam. Às vezes, para dar esperança, basta ser uma pessoa amável, que deixa de lado as suas preocupações e urgências para prestar atenção, oferecer um sorriso, dizer uma palavra de estímulo, possibilitar um espaço de escuta no meio de tanta indiferença. A caridade é o impulso do coração que nos faz sair de nós mesmos gerando o vínculo da partilha e da comunhão”.

Na minha vez de falar, li um desabafo que escrevi em uma noite de insônia: “Os sociopatas genocidas estão exterminando os brasileiros e transformando o Brasil em uma ameaça sanitária global, no pior país do mundo no combate à pandemia. Basta de genocídio!

Os sádicos imbrocháveis debocham e gozam com a dor, o sofrimento e a morte dos brasileiros. Basta de desumanidade!

Os velhofóbicos assassinos defendem que a economia não pode parar por causa de uma ‘gripezinha, que só mata alguns velhinhos. E daí?’. Basta de velhofobia!

Os monstros fanáticos sabotam as vacinas, as recomendações da ciência, as máscaras e o isolamento social. Participam de festas clandestinas, bares e aglomerações, e ainda reclamam que estão entediados e não aguentam mais ficar em casa. Basta de negacionismo!

Os tiranos facínoras intimidam, perseguem e ameaçam jornalistas, professores, cientistas, médicos, ativistas, artistas e todos que lutam para curar a doença do ódio, perversidade e intolerância. Basta de violência!

Os criminosos covardes só estão preocupados com o próprio umbigo e perpetram as piores atrocidades para lucrar com a destruição do país. São os verdadeiros inimigos do Brasil. Disseminam fake news, factoides e mentiras descaradas, com o objetivo de provocar pânico, terror e caos e, assim, desviar o foco e a atenção dos crimes bárbaros que estão cometendo. Basta de impunidade!”

Acordei chorando, com um grito preso na garganta: “Basta!”. E com uma vontade incontrolável de ligar para todos os membros da FASBEM e compartilhar o meu sonho.

Alguém tem o telefone da Luiza?

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