“Eu, como negra, posso dizer: não vi nenhum tipo de racismo ali”, diz a jornalista Gloria Maria durante o baile da Vogue, no Hotel Unique, em São Paulo. “Racismo é uma coisa muito séria que está sendo misturada com muita coisa inútil”, emenda.
Ela se refere às imagens em que Donata Meirelles, ex-diretora de estilo da revista Vogue Brasil, aparece em meio a mulheres negras vestidas de baianas. As fotos, tiradas na festa de aniversário de Donata, repercutiram mal, e houve pessoas que a acusaram de racismo.
A polêmica fez com que ela se demitisse do cargo. Na esteira do episódio, o tradicional baile de Carnaval da revista foi postergado do dia 21 de fevereiro para o sábado passado (23).
Depois de adiado, o baile trocou a atração principal: no lugar de Ivete Sangalo cantou Jorge Ben Jor. A assessoria do evento afirma que a mudança se deu por questão de agenda de Ivete.
Em 2016, quando o tema do baile foi “Pop África”, a ex-consulesa da França Alexandra Loras adotou como passatempo contar os “poucos negros” que estavam lá convidados, como ela.
Depois da polêmica neste ano, Alexandra procurou a Vogue e pediu convites para dar a amigos negros —recebeu 26 ingressos. “Precisamos enegrecer esses espaços da elite. Fiquei muito feliz. Queria trazer essa diversidade que queremos ver em todo o Brasil”, diz ela.
Daniela Falcão, diretora-geral da editora Globo Condé Nast, que publica a Vogue Brasil, diz que não cabe a ela avaliar as imagens da festa de Donata —na qual esteve presente.
“A gente queria que ela [Donata] ficasse. Foi uma opção dela [sair]. E a gente perdeu muito.”
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