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Vizinha de Doria diz à polícia que não quis ofender governador e que vídeo de filho dele em festa era 'antigo'

Alessandra Maluf foi acusada de espalhar fake news

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A vizinha que gravou um vídeo em que dizia que um dos filhos do governador de São Paulo, João Doria, dava uma festa em sua casa, no Jardim Europa, na sexta (5), em plena pandemia, admitiu à polícia ser a autora das imagens.

Ela prestou depoimento nesta quarta (10).

Alessandra Maluf, no entanto, não sustentou que era, de fato, o filho de Doria quem estava na casa, como afirmou nas imagens que viralizaram na internet.

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), na chegada de insumos de vacinas
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), na chegada de insumos de vacinas - Governo do Estado de São Paulo - 4.mar.2021

Disse ainda que não tinha a intenção de ofender o governador e que, depois de fazer a filmagem, tomou conhecimento de que um outro vídeo, em que um dos filhos de Doria aparece em uma festa, é antigo, e não tem qualquer relação com os que foram gravados por ela, no dia 5.

Na terça (9), a coluna conversou com Alessandra Maluf e questionou se ela tinha prova de que a festa ocorria na casa do filho de Doria, como afirmava. Ela respondeu: "O filme não é uma prova?".​

Alessandra Maluf postou as imagens da festa no Jardim Europa em dois grupos de amigas de WhatsApp na sexta (5). E elas logo se tornaram públicas.

Em pouco tempo, Doria começou a ser atacado nas redes sociais por supostamente permitir baladas em sua casa e "furar" as regras de isolamento social que ele mesmo decretou no estado de São Paulo.

O governador, informado dos ataques e do vídeo divulgado, chegou a sair de sua casa para falar com Alessandra.

Na sequência, foi à casa de onde vinha o barulho de música e pediu que a moradora diminuísse o volume de som.

O governador postou em suas redes sociais que se tratava de uma "fake news" e informou que apresentaria queixa-crime contra Alessandra Maluf.

O caso começou a ser investigado pela divisão de crimes cibernéticos do Deic.

No começo da semana, a cantora Mariana Rios divulgou um outro vídeo em que dizia ser a dona da casa de onde saía o som, mas que não dava festa nem promovia aglomeração. Na verdade, diz ela, recebia apenas um grupo restrito de amigos.

Leia abaixo a íntegra do registro do depoimento de Alessandra Maluf:

"Aos 10 dias do mês de Março de dois mil e vinte e um, nesta cidade de S.PAULO, Estado de São Paulo, na sede da(o) DEIC-2ª DCCIBER-INST. COMERC., onde presente se achava o(a) Exmo(a) Sr(a) Dr(a) PAULO EDUARDO PEREIRA BARBOSA, Delegado(a) de Polícia respectivo(a), comigo Escrivão(ã) de seu cargo ao final nomeado(a) e assinado(a), comparece ALESSANDRA BATAH MALUF.

Sabendo ler e escrever, declarou que: comparece nesta unidade policial na presença de seu advogado, Dr. Rodrigo Kawamura - OAB/SP: 242874, atendendo a formal notificação e indagada sobre os fatos descritos na representação criminal, que ensejou a instauração do presente Inquérito Policial, declarou ter gravado, com seu aparelho de telefone celular Iphone, a residência de frente à sua; que, apenas gravou em seu celular dois vídeos: um de 10 segundos e, um de 1
minuto e 02 segundos;

que neste ato disponibiliza o seu aparelho celular, voluntariamente, para a extração dos dados que comprovam sua afirmação; que, nas imagens gravadas aparece uma casa próxima a casa do governador João Doria e um áudio afirmando que naquele local o filho do governador, sem especificar qual dos filhos, estava dando uma festa em plena pandemia;

que em nenhum momento disse que era o governador quem dava uma festa; que havia a informação de que a festa ocorria um dia antes ao início da data em que o governador colocou todo o estado de São Paulo na fase vermelha, em decorrência da Covid-19; que, os dois vídeos não foram divulgados em seus perfis de Facebook e Instagram, porém foram enviados para dois grupos de amigas do WhatsApp, sem intenção de ofender o governador, mas apenas informar sobre a existência, na rua, de uma festa em plena pandemia;

que, acredita que o som e o barulho que ouvia, parecia ser uma festa e vinha da residência; que, lhe pareceu também pelo barulho de vozes e palmas que havia mais de dez pessoas naquele local; que, inclusive viu duas pessoas saindo da residência e pegando um uber;

que, após ter realizado os dois vídeos, estava na rua em companhia das suas amigas Sandra Gonçalves e Cristiane Gonçalves, próximas a sua residência, momento em que foi abordada pelo governador João Doria e sua comitiva, o qual lhe indagou: “você quem esta divulgando vídeos na internet” (sic), que neste momento ficou muito nervosa com a abordagem e respondeu apenas: “pode ser” (sic);

que, na sequência se dirigiu ao governador e lhe falou: “governador está tendo uma festa aqui” fazendo referência à casa da rua; que, ato contínuo, o governador ficou batendo na porta da residência da suposta festa por aproximadamente 10 minutos; que após esse período, pela porta semiaberta, pode observar que duas mulheres de estatura mediana e cútis clara e cabelos claros conversaram com o governador por aproximadamente 07 minutos; que, as características físicas dessas duas mulheres não parecem ser as mesmas da atriz Mariana Rios, efetiva moradora da residência;

que, posteriormente tomou conhecimento de que o vídeo em que um dos filhos do governador aparece em uma festa é antigo, e não tem qualquer relação com os vídeos realizados no dia 05 de março; que, esclarece que tomou conhecimento deste vídeo em virtude de compartilhamento de grupos de WhatsApp e que em nenhum momento editou ou divulgou o referido vídeo;

que, por derradeiro informa que após os fatos aqui declarados, tomou conhecimento também da existência de perfis falsos nas plataformas do Facebook, Instagram e Twiter, utilizando seu nome e sua imagem; que neste ato, disponibiliza, voluntariamente, na presença de seu advogado, o seu aparelho celular para extração das informações pertinentes aos fatos investigados.

Nada mais disse nem lhe foi perguntado. Nada mais havendo a tratar ou a relatar, determinou a Autoridade o encerramento do presente termo que, após lido e achado conforme, vai por todos devidamente assinado, inclusive por mim Escrivão(ã) de Polícia que parcialmente o digitei."

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