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Mônica Bergamo é jornalista e colunista.

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Eu conto a minha história com Magali para mostrar que o amor é possível, diz Sidney Magal

Cantor se emociona ao falar do 'encontro mágico' que viveu com a mulher, com quem está casado há 42 anos

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O cantor Sidney Magal

O cantor Sidney Magal Juliana Torres/Divulgação

Sidney Magal diz que está se sentindo como uma criança quando há algo festivo prestes a acontecer: "Excitado, curioso e nervoso." O misto de sensações tem mais de um motivo. A vida do cantor será tema de musical, exposição, série documental e filme —todos que devem ser lançados entre o fim deste ano e 2023.

Nada foi planejado, garante ele. "Depois de 55 anos de carreira, que é muita coisa, você vê os projetos surgirem, e as pessoas se interessarem pela sua vida, pela sua música, pela sua história", reflete em conversa online com a coluna direto de Barcelona, onde passava alguns dias de férias com a família.

No momento atual é a cinebiografia "O Meu Sangue Ferve Por Você" que tem ocupado o centro de sua atenção. Com direção de Paulo Machline, o longa está sendo filmado em São Paulo e aborda a trajetória de Magal sob um enfoque diferenciado: a história de amor à primeira vista do cantor com Magali, sua mulher há 42 anos.

Sidney Magal e a mulher, Magali
Sidney Magal e a mulher, Magali - @sidneymagaloficial Verificado

A ideia surgiu das produtoras Diane Maia e Joana Mariani, da Mar Filmes, também responsáveis pelo documentário sobre Magal chamado "Me Chama que Eu Vou" —produção que vai virar uma série documental, cuja exibição é negociada com plataformas de streaming.

Inicialmente, Magal gostou da proposta do longa "O Meu Sangue Ferve Por Você", mas ficou ressabiado com a sua viabilidade. "Quando elas falaram de fazer um filme, eu perguntei: mas como vocês veem isso? Não é muito infantil, muito romântico? Os tempos hoje estão mudados, as pessoas gostam de aventura, violência", diz ele.

Por outro lado, o cantor afirma sempre ter feito questão de contar a história do casal para muitas pessoas. "E todos sempre ficavam boquiabertos, porque amor à primeira vista existe, mas convite de casamento ao primeiro minuto, isso a gente não conhece. E foi exatamente o que aconteceu", relata. Ele diz que gosta de falar sobre o assunto "não por vaidade". "E sim para mostrar que o amor é possível. É possível uma relação duradoura, é possível você criar uma família bonita", reforça.


O romance com Magali aconteceu quando ele já era um cantor de sucesso. Em pouco mais de uma hora de entrevista, falar sobre o encontro que teve com a mulher é o único momento em que o cantor deixa o riso de lado e se comove.

"Quando eu falo da gente e da nossa relação, eu me emociono porque eu penso: 'Caramba, por que eu mereci isso? Por que eu mereci ser tocado por, sei lá, por Deus e tenho a vida que tenho graças àquele momento mágico", afirma.

Os dois se conheceram em um programa de TV. Magal conta que tinha um quadro na sua adolescência que mostrava uma mulher caminhando em uma estrada, de costas, sem rosto. "Quando eu a vi naquele estúdio, eu pensei: 'olha aí, é a mulher do quadro'. E ela, então, virou [ele interrompe a fala e pede desculpas com a voz embargada] Eu acho isso tão significativo, tão forte."

Na viagem à Espanha, ele conta que fez uma visita ao museu de Salvador Dalí, pintor de quem é fã. Foi a sua nora, Thaís, que o despertou para uma coincidência: a história de amor de Dalí com Gala, musa inspiradora do artista, guarda semelhanças com a de Magal e Magali. O espanhol também teria idealizado a mulher dos seus sonhos sempre de costas, e teria reconhecido que Gala era esta mulher assim que viu seu rosto pela primeira vez. "Fiquei arrepiado agora [ele interrompe novamente e chora]. Eu me emociono, porque é tão, tão...sei lá de onde vem isso", diz.

Após esse "encontro mágico" —e de um estranhamento inicial de Magali que achou que Magal fosse um psicopata por demonstrar todo aquele amor logo de cara—, o cantor afirma que eles tiveram uma "vida normal de casal", com altos e baixos.

Ele fará uma participação pequena no filme, que é mantida em segredo. De resto, diz que será um espectador, além de dar alguns pitacos. Uma de suas "exigências" é que a atriz selecionada para o papel de Magali fosse tão bonita quanto a verdadeira. "Eu sempre achei a minha mulher lindíssima", destaca.

Os atores Filipe Bragança e Giovana Cordeiro, que protagonizam o filme 'O Meu Sangue Ferve por Você' - Rafa Morse/Divulgação

No caso da seleção do ator para interpretá-lo, ele afirma não ter imposto condições, com exceção de uma: os cabelos teriam de ser naturais. "Toda vez que tem alguma paródia ou algum cover do Magal, as perucas são horrorosas. E eu tinha um cabelo maravilhoso, que era considerado uma das minhas forças", diz ele, que agora exibe os fios grisalhos.

O ator José Loreto foi a primeira escolha, mas teve de deixar o filme por causa das gravações conflitantes com a novela "Pantanal". Filipe Bragança assumiu o posto e, após conhecê-lo pessoalmente, Magal diz ter ficado encantado com a dedicação e o interesse do ator em contar a história.

O cantor também afirma ter dado algumas dicas ao artista, como a de que ele deixasse o seu "lado feminino fluir". "Grande parte do meu sucesso visual nos anos 1970 vem do fato de eu ser uma mistura da personalidade feminina com a masculina, que não era uma coisa muito usada naquela época. Os ídolos eram todos másculos, mais controlados, ninguém mexia os quadris —a não ser o meu querido Ney Matogrosso, que aí já veio com uma imagem completamente única", analisa.

Magal salienta que nunca fez aulas de dança ou aprendeu coreografias para as suas apresentações. "Eu até brinquei que ele [Bragança] tinha que soltar a franga. Quando eu morei na Europa e descobri que eu sou o intérprete que hoje todos conhecem, foi exatamente isso o que eu fiz: soltei a franga musicalmente. E deu muito certo", diz, gargalhando.

Nesta época europeia, o cantor tinha 21 anos e ainda carregava o seu nome de batismo: Sidney de Magalhães. Foi na Itália, após se juntar a um grupo de música de repertório eclético, que ele virou o Sidney Magal não só no nome artístico —sugestão do empresário italiano—, mas nas performances e no visual extravagante que se tornaram a sua marca.

Hoje, aos 71 anos, Magal afirma ser o mesmo de sempre, só está mais "cheio de manias" e mais contido nos trejeitos por estar mais velho. "Mas mantenho alguns movimentos, umas gracinhas, alguns charmes", diverte-se. Ele diz também que segue preocupado com a sua imagem. Como exemplo, cita que nunca deixou se fotografar consumindo bebida alcoólica.

"Achava que era um exemplo péssimo para o público infantil que me imitava", justifica. "Mas hoje em dia a gente vê pelos exemplos por aí que tem gente capaz de fazer uma live completamente embriagado e as pessoas acharem normal", critica.

Também afirma que os artistas precisam "ter muito cuidado" com o que dizem e transmitem ao público. "Outro dia, o meu filho [o fotógrafo Rodrigo West] falou para mim: 'Mas você também era muito provocativo sexualmente falando'. Respondi que eu era bem mais comedido. Hoje é muito escancarado, e eu fico muito preocupado com o que as crianças vão pensar", diz.

Magal não vê problemas em artistas se posicionarem politicamente, mas afirma que esta não é a sua praia. Decidiu que não votará nas eleições de 2022, "apesar de saber que é muito importante." "Eu prefiro deixar nas mãos dos jovens. A grande verdade é que eu prefiro não correr o risco de errar mais uma vez", afirma.

Com Magali, Magal tem três filhos: Gabriela, Nathália e Rodrigo. "Eu sou perdidamente apaixonado por esta família, ainda mais agora que eu sou avô da minha primeira netinha, que a minha filha ainda colocou o nome de Madalena só para me sacanear", derrete-se. É para ter mais tempo para se dedicar à menina de dois anos que o cantor sinaliza o desejo de se aposentar da vida artística em um futuro próximo.

Atualmente, fazendo uma média de sete shows por mês, Magal diz que ainda tem a mesma energia de outrora, embora não dance nem dê os saltos que costumava dar. "Eu sei que vai chegar um momento em que eu vou tentar, eu vou me esforçar muito para dar a mesma energia, mas não vou conseguir, e o público vai sentir. E é isso que eu não quero que aconteça."

"Eu tenho muita coisa para viver ainda intensamente, e não só em cima de um palco. Eu tenho gente que merece a minha exclusiva dedicação, que foi dividida ao longo da minha carreira", justifica. Magal afirma que sempre encarou os diferentes aspectos de sua vida desta forma, com início, meio e fim. "Mas esse fim não precisa ser amargo. Ele pode ser um fim digno, cheio de lembranças e com o coração repleto de coisas boas", conclui.

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