A fundadora da organização Minha Criança Trans, Thamirys Nunes, vai pedir que a Organização das Nações Unidas (ONU) cobre o Brasil a instaurar políticas de proteção para crianças e adolescentes transexuais.
Ela participará de uma sessão da Convenção para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher (CEDAW), da qual o Brasil é signatário, que ocorrerá no próximo mês.
Thamirys já enviou um relatório ao órgão em que diz que esse grupo tem sido alvo de ataques na política brasileira e precisa de maior proteção do Estado brasileiro. O documento dá destaque a casos de discriminação contra crianças e adolescentes trans do sexo feminino.
Ela cita um levantamento da ONG que mostra que há ao menos 27 projetos de lei federais e estaduais que visam reduzir os direitos desse grupo. A autora destaca uma lei do Amazonas, sancionada no ano passado, que proibiu a participação de crianças e adolescentes em paradas do orgulho LGBTQIAP+ no estado.
A legislação define multa de R$ 10 mil por hora por "indevida exposição da criança ou adolescente ao ambiente impróprio". Entidades de defesa dos direitos LGBT+ acionaram o Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar derrubá-la.
Thamirys ainda ressalta um episódio envolvendo o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), que, vestindo uma peruca loira, usou a tribuna da Câmara dos Deputados para falar sobre o Dia Internacional da Mulher no ano passado. Na ocasião, ele ironizou a existência de mulheres trans.
A ativista diz que há um movimento crescente de parlamentares, a maioria ligados ao bolsonarismo, que afirmam que crianças trans "não existem".
"É geralmente na infância que as meninas trans começam a ter seus direitos violados, por isso é tão urgente e necessário procurar caminhos para proteger essa infância", afirma Thamirys à coluna.
Ela é mãe de uma criança trans e narrou a sua trajetória pessoal no livro "Minha Criança Trans", lançado em junho de 2020.
"Esses fatos demonstram um cenário de ataques sofridos por crianças e adolescentes trans pelo poder Legislativo l. [...] São tentativas sérias de minar, tornar invisível e negar a existência de crianças e adolescentes trans", afirma o documento enviado, que é assinado pelos advogados Carlos Nicodemos e Maria Fernanda Fernandes Cunha.
"Mulheres trans e meninas são a parte da população LGBTQIA+ que mais enfrenta barreiras aos seus direitos sociais, sendo a população com as maiores taxas de desemprego", diz ainda.
O relatório pede que a ONU adote recomendações para que o Estado brasileiro cumpra as obrigações da convenção, especificamente em relação a crianças, meninas e mulheres trans, e que seja feito um plano nacional para combater a discriminação contra elas.
MICROFONE
A cantora Liza Lou se prepara para lançar seu primeiro álbum, "Sal", na próxima quinta (25). O trabalho, que tem produção musical assinada pelo multi-instrumentista Ariel Donato, trará faixas cantadas em parceria com cantoras como Clara Valverde, Duda Brack, Loh e King Saints.
Nascida em São Gonçalo, no Rio, Liza já subiu ao palco com nomes como Djavan, Milton Nascimento, Seu Jorge, Caetano Veloso e Maria Bethânia. Seu single "Me Deixa Te Amar", lançado há cerca de um ano, soma mais de 1,6 milhões de execuções na plataforma de streaming Spotify.
com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.