Alberto Fernández se encontrou com Vladimir Putin em Moscou, Xi Jinping em Pequim e por fim, em "escala atípica", no dizer do argentino La Nación, Mia Mottley em Barbados.
É a líder latino-americana que vem de proclamar a república em seu país, não mais sob a coroa britânica. Fernández se reuniu com ela e outros já como presidente da Celac, a Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos, que Jair Bolsonaro abandonou há dois anos.
A turnê provocou reação em Londres e Washington. Xi apoiou sua demanda pelas Ilhas Malvinas, e o governo do Reino Unido reclamou que "a China tem que respeitar a soberania das Falklands, parte da família britânica". Pequim reiterou então o apoio, como noticiou o South China Morning Post, e cobrou resposta de Londres.
Já a manchete do argentino Clarín foi para os congressistas americanos, três republicanos e um democrata, que soltaram declarações e apresentaram projeto visando "frear o avanço de China e Rússia na América Latina". De um deles, Matt Gaetz, vendo "perto de casa uma ameaça muito mais significativa" do que na Ucrânia:
"A Argentina acaba de se unir ao PC chinês ao assinar a Iniciativa do Cinturão e Rota. Ao custo de US$ 23,7 bilhões, a compra de influência e infraestrutura na Argentina é um desafio direto à Doutrina Monroe."
FERNÁNDEZ & MAO
A turnê de Fernández foi mais voltada à China, onde ele se viu tratado com distinção na primeira página do Diário do Povo —e retribuiu com visita ao mausoléu de Mao-Tse-tung. O Global Times, também do PC, ressaltou a entrada do país na Cinturão e Rota como "grande impulso para a cooperação China-América Latina".
Na Argentina, Clarín e La Nación, ambos de oposição, também se concentraram em Fernández na China, com resultados como uma fábrica da Xiaomi na Terra do Fogo e, sobretudo, o destino dos US$ 23,7 bilhões, para comércio bilateral, agricultura, energia nuclear e outras dez novas frentes de cooperação.
DE VOLTA A MINSK
Após as reuniões do francês Emmanuel Macron com Putin e do alemão Olaf Scholz com Joe Biden, os dois líderes da União Europeia se encontraram na noite de terça em Berlim.
Segundo o Süddeutsche Zeitung, creditando Macron, "tanto Putin quanto seu colega ucraniano prometeram cumprir os chamados acordos de Minsk", assinados em 2014-15. E o chanceler alemão voltou a declarar: "Nosso objetivo comum é evitar uma guerra na Europa".
Até o New York Times agora se pergunta, na home: "O que são os acordos de Minsk, e eles podem neutralizar a crise na Ucrânia?".
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