Nicolás José Isola

Filósofo, mestre em Educação, doutor em Ciências Sociais, coach executivo e consultor em storytelling.

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Nicolás José Isola
Descrição de chapéu desigualdade de gênero

Ainda faltam muitas mulheres em posições executivas no Brasil

É preciso consolidar a diversidade como algo sustentável para o negócio

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Meu filho pequeno me perguntou dias atrás: "Por que nós homens não temos um dia especial e as mulheres sim?". Era a pergunta de uma criança sem preconceitos, que acha que não existem diferenças de direitos entre as pessoas. Aquele questionamento gerou uma conversa ligada a como são tratadas muitas mulheres no seu trabalho, na rua e em suas famílias. Falamos do uso da força física masculina e também do uso das palavras.

Eu contei para ele como no meu trabalho com as companhias eu observava muitas poucas mulheres nas posições importantes da pirâmide.

Certamente, temos que seguir trabalhando para que as novas gerações não consigam ver diferenças justamente porque internalizaram que essas diferenças não são tais.

Porém, ainda falta muito por ser feito. No Brasil, há uma população feminina especialmente exposta às discriminações: as mulheres negras.

Como coach executivo que trabalha para companhias internacionais, fico sempre surpreso com a pouca quantidade de mulheres negras em posições executivas.

No Linkedln, a rede social profissional mais relevante, é frequente assistir à comunicação especial que se faz toda vez que uma mulher negra acaba sendo nomeada como a máxima autoridade na direção de diversidade ou de gênero. Nada contra isso, o assunto é que precisamos, por um lado, mulheres negras diretoras nas áreas de maior importância para o negócio, como as financeiras e tecnológicas, não só naquelas posições muito específicas que se baseiam no fato de elas serem negras para promover uma imagem diversa.

Por outro lado, o show que às vezes se faz expõe o vazio que existe por trás, que parece estar procurando mais a melhora do branding que o fortalecimento de uma igualdade profunda e estrutural.

A diversidade está na moda e isso é importante, porque muitos estamos olhando para ela. Porém, precisamos consolidá-la como algo sustentável para o negócio, não como estrelas cadentes esporádicas e superficiais. É verdade que a diversidade melhora e permite pensar melhor e com maior pluralismo o futuro das organizações.

Precisamos que a igualdade seja criada desde que sejam meninas para que elas não sofram quando cheguem à vida adulta. Precisamos de mais mulheres nos escritórios e, para isso acontecer, há que estimular especialmente o ingresso das mulheres negras nas universidades e nos MBAs.

Precisamos de mais mulheres nas diretorias. Precisamos nós, homens, continuar mudando nossas cabeças e tirando os preconceitos de nossos olhos. É uma vergonha que ainda em 2023 sejamos tão cavernícolas em muitos de nossos olhares.

Fenômenos como o dos "redpill" permitem enxergar como muitos homens ainda acreditam que o lugar da mulher é ficar quieta ao lado do seu homem. O machismo antigo procura seu jeito picareta para mudar de fachada e continuar submetendo as mulheres à sua propriedade. Eles estão séculos atrasados.

Hoje, 8M, lembramos o Dia da Mulher porque ainda precisamos fazê-lo. Infelizmente, há muito a ser mudado. Nessa batalha pela igualdade, o machismo ainda está ganhando. Bora? Continuemos lutando.

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