"A situação está muito grave. Estamos sofrendo uma pressão de custos histórica", diz Eduardo Sanovicz, presidente da Abear, associação que reúne as companhias aéreas Gol e Latam.
Segundo a Abear, em 2008, quando o setor atravessou outro momento difícil com o querosene no patamar de preços parecido com o atual, a situação ainda era mais leve porque o dólar girava em torno de R$ 2.
Agora, com pico de barril acima de US$ 130 e dólar a R$ 5, Sanovicz afirma que o setor jamais viu uma pressão de custos tão grande.
O combustível responde por mais de um terço dos custos das empresas aéreas, que têm uma parcela acima de 50% indexada pelo dólar, de acordo com a entidade.
Desde a eclosão da guerra na Ucrânia, o setor tem avisado que os preços vão subir, mas Sanovicz afirma que a disparada no querosene de aviação pode, também, começar a prejudicar a oferta de voos para destinos mais afastados.
"Se o custo estoura, em alguns voos teria que ajustar as tarifas. E a capacidade do mercado de consumo hoje não dá conta desse impacto de tarifa. Na hipótese de esse impacto vir desse tamanho, temos que rever alguns voos. E onde? Nas regiões de menor capacidade de consumo, ou seja, as mais afastadas dos centros econômicos e centros regionais", diz.
Com o agravamento do cenário, a Abear tem defendido que as medidas emergenciais que venham a ser tomadas para conter os preços em decorrência da invasão da Ucrânia contemplem também o querosene de aviação, que acumula alta superior a 75%.
"Também é preocupante, assim como gasolina, diesel e gás de cozinha. Nosso tráfego pré-pandemia estava batendo os 9 milhões de passageiros por mês. Podemos chamar aviação de transporte de massa. E é com querosene de aviação que a gente faz isso", afirma Sanovicz.
O baque preocupa porque acontece no momento em que o setor vinha comemorando o início de uma retomada mais consistente após o choque da pandemia sobre as operações de aviação no mundo todo.
Joana Cunha com Andressa Motter e Ana Paula Branco
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