Grandes entidades da indústria e sindicatos filiados à Fiesp afirmam que não vão aderir caso sejam chamados a assinar um pedido para que Josué Gomes renuncie à presidência da federação.
Desde o fim de julho, quando a Fiesp divulgou suas diretrizes para os presidenciáveis em um documento que citava democracia e respeito ao estado de direito como condições indispensáveis para o Brasil, começou a circular na entidade uma pressão contra Josué porque a menção à democracia poderia provocar Bolsonaro, prejudicando a relação da Fiesp com o governo.
O ruído cresceu nas semanas seguintes, após o protagonismo assumido pela Fiesp nas cartas em defesa da democracia no 11 de agosto, levantando conversas de que Paulo Skaf, ex-presidente da Fiesp e aliado de Bolsonaro, estaria organizando um abaixo-assinado de pequenos sindicatos filiados para pedir a renúncia de Josué.
Ao Painel S.A., Skaf negou que esteja elaborando um documento com tal finalidade.
O assunto cresceu novamente na sexta (14), quando Skaf divulgou um vídeo defendendo voto em Bolsonaro, o que foi interpretado no setor como uma tentativa de aceno do ex-presidente da Fiesp ao governo. A avaliação é que, embora tenha ficado frustrado nas tentativas de se candidatar ao Senado ou a vice-governador em SP, Skaf pode ter conseguido, agora, fazer uma demonstração de que ainda tem força para ser lembrado mais tarde como um possível ministro, caso Bolsonaro venha a recriar o Ministério da Indústria, se vencer a reeleição.
O presidente da Abiplast (indústria dos plásticos), Ricardo Roriz, que foi vice-presidente da Fiesp e um dos maiores críticos de Skaf, afirma que não concorda com assinatura de carta de renúncia. "O momento não é de trazer mais ruídos para a imagem da Fiesp. O importante agora é que todos empresários do setor busquem um projeto convergente para a reindustrialização do Brasil e juntos trabalhem para que o próximo governo tenha isso como prioridade. Skaf, que andou sumido no 1° turno, brigou com todos que o substituíram na Fiesp, o Benjamin [Steinbruch], eu e agora o Josué", diz Roriz.
Synésio Batista, presidente da Abrinq, também rejeita o suposto abaixo-assinado. "Apesar de não conhecer Josué, eu não assino, porque considero um ataque à instituição".
Joana Cunha com Paulo Ricardo Martins e Diego Felix
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