A representação da Abradin (Associação Brasileira de Investidores) no Ministério Público sobre o escândalo contábil da Americanas vai ser protocolada na próxima semana, segundo Aurélio Valporto, presidente da entidade. "Vamos pedir inquérito com atuação da Polícia Federal", afirma Valporto.
A associação já havia apresentado denúncia à CVM (Comissão de Valores Mobiliários), logo após a revelação do caso, para pedir apuração de responsabilidades.
Valporto diz que acha muito improvável que o trio de bilionários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, acionistas de referência, não soubesse que estava acontecendo um problema da ordem de R$ 20 bilhões dentro da companhia. Eles negam ter conhecimento prévio de manobras ou dissimulações contábeis.
"É uma prática de longa data. Não é crível que não tivessem conhecimento. Não existe um meio termo. Se houve crime, terão de colocar o dinheiro de volta", afirma.
Segundo Valporto, a Abradin recebeu mais de mil emails de pequenos acionistas lesados pelo caso Americanas.
"Queremos mais dados. Ninguém sabe direito ainda sequer a extensão da fraude. Não sei como foi cometida. Sabemos que teve auditoria muito falha e agora precisa de outra auditoria, séria, para dizer o que foi que aconteceu", diz.
Na semana passada, a CVM anunciou que está fazendo uso de convênios e da cooperação que possui com a Polícia Federal e com o Ministério Público Federal para investigar a situação.
Os bilionários e a diretoria da Americanas são investigados na CVM por omissão de informações relevantes no primeiro comunicado sobre o escândalo contábil que levou a empresa a pedir recuperação judicial.
Joana Cunha com Paulo Ricardo Martins e Diego Felix
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