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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Descrição de chapéu chuva

Precisamos pensar no recomeço da vida para as vítimas da chuva, diz empresária

Rosangela Lyra estava em sua casa, na praia da Baleia, quando tempestade começou

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São Paulo

Rosangela Lyra, ex-CEO da Dior no Brasil, que hoje comanda o Instituto Política Viva para fomentar discussões políticas no país, estava em casa, na praia da Baleia, em São Sebastião, quando o temporal começou.

Nos dias seguintes, ela se engajou na busca por ajuda aos desabrigados e diz que o esforço das doações precisa começar a mirar o futuro das famílias atingidas.

"As pessoas que estão longe têm uma visão diferente de quem está no front", afirma Lyra, que passou a noite em claro, no sábado (18), preocupada com o som da tempestade.

"Saí para ver como estava o mar, mesmo debaixo de chuva. Eu nunca tinha feito isso, mas o barulho diferente me preocupou. Só quem está acostumado perceberia. Quando cheguei na praia, notei que havia uma força diferente. Era inexplicável. Fiquei ali parada olhando por um tempo. Não tinha nada deslizando, mas algo estava diferente", afirma.

Na manhã seguinte, por volta das 6h, ela conta que voltou à praia, quando encontrou outro cenário. "Os morros, que eram verdes, estavam todos vermelhos de terra. As árvores, pau-brasil, enormes, no chão. O mar, marrom como se fosse um rio. É uma cena impressionante da natureza", descreve.

Ainda sem informação sobre o que havia se passado do outro lado da Rio-Santos, voltou para casa e ouviu um áudio de WhatsApp que o caseiro havia recebido da filha dele, moradora da região, aos prantos.

"Me dei conta do que estava acontecendo. Fomos até o local onde desciam os primeiros helicópteros da polícia. Vi o resgate de uma senhora que chorava de dor. Nos filmes, parece uma operação tão simples. A realidade é muito diferente", afirma.

Lyra conta que saiu pela vizinhança de seu condomínio em busca de colchões, travesseiros, edredons e cadeiras de praia, além de água e alimentos, para tentar ajudar no atendimento aos desabrigados.

"Teve momentos em que tinha comida, mas faltavam talheres e pratos. Compramos descartáveis e lavamos, porque também havia a dificuldade de escoar o lixo. Comecei a pedir talheres nas casas. Em uma das noites, consegui 12 colchões. Cheguei feliz da vida para entregar, mas havia cem pessoas. Fiquei olhando nos rostos dos que não receberam", diz.

A empresária Rosangela Lyra
A empresária Rosangela Lyra - Marcus Leoni - 21.jun.2017/Folhapress

A empresária viajou para sua outra residência na capital paulista nesta quarta (22). "Decidi vir porque a defesa civil pediu para quem pudesse que saísse. Agora já vemos uma estrutura, mas nas primeiras 24 horas, éramos nós que estávamos lá", diz Lyra.

Ela defende que se comece a pensar em uma forma de ajudar as vítimas na próxima fase.

"Quando as pessoas tiverem casa e lugar para ir, precisamos pensar em como vão ter de volta uma geladeira, um sofá, uma cama, televisão, lençol, toalha. Tudo o que foi doado até agora é provisório. Elas vão precisar de dinheiro para recolocar suas vidas no lugar", diz.

Joana Cunha com Paulo Ricardo Martins e Diego Felix

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