Associado ao ex-presidente Michel Temer, o advogado Diego Carvalho acusa a Samarco de ter contaminado a água da região afetada pelo rompimento da barragem em Mariana (MG) com uma substância chamada tanfloc que, em doses elevadas, pode causar câncer.
O processo, que cobra indenização de R$ 120 bilhões, tramita na Justiça de Minas Gerais, e gerou uma investigação da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) porque Carvalho e Temer cederam parte dos honorários advocatícios para uma empresa que negocia créditos judiciais no mercado.
Como noticiou o Painel S.A., a empresa, a M4, no entanto, não tinha registro na CVM para fazer esse tipo de negócio. O caso segue em análise, segundo a autarquia.
A Samarco e suas acionistas, a Vale e a BHP, consideram que a ação é inócua porque a indenização das famílias afetadas pelo acidente vem ocorrendo por meio da Renova, uma entidade independente criada para tal com a supervisão das autoridades públicas. Até o momento, já foram pagos cerca de R$ 30 bilhões.
"Nada impede que afetados pelo desastre recorram à Justiça, exigindo indenizações se não concordam ou não querem usar a Renova", disse Carvalho.
Entretanto, ele afirma que seu processo se refere, especificamente, à decisão da empresa de usar tanfloc logo após o desastre para liberar a água para a população. Antes, a presença de poluentes inviabilizava o consumo, ainda segundo o advogado.
"Busco responsabilizá-las [BHP, Vale e Samarco] pela utilização clandestina [da substância] em dosagem proibida no tratamento da água destinada ao consumo humano", disse à coluna. "Essa substância é cancerígena, segundo a OMS. As empresas tratam a população como se fossem ratos de laboratório."
Documentos obtidos pela coluna mostram, no entanto, que houve um acordo com autoridades naquele momento para que o tanfloc fosse utilizado pelas concessionárias de saneamento.
Carvalho discorda. Ele afirma que, em 2015, antes do referido acordo, a própria empresa já tinha divulgado em seu site que estava misturando a substância na água.
O advogado diz que vinha fez essa denúncia há anos junto à Defensoria Pública e que, diante da inércia do poder público, decidiu ingressar com a ação indenizatória.
Por meio de sua assessoria, a Samarco informa que essa questão está sendo discutida na Justiça. "Os esclarecimentos serão prestados pela empresa nos autos do processo", disse em nota.
Com Diego Felix
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