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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Descrição de chapéu Folhajus

"A Samarco trata a população como ratos de laboratório", diz advogado

Associado ao ex-presidente Michel Temer, advogado acusa mineradora de usar substância cancerígena na água após desastre com barragem de Mariana (MG)

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Brasília

Associado ao ex-presidente Michel Temer, o advogado Diego Carvalho acusa a Samarco de ter contaminado a água da região afetada pelo rompimento da barragem em Mariana (MG) com uma substância chamada tanfloc que, em doses elevadas, pode causar câncer.

O processo, que cobra indenização de R$ 120 bilhões, tramita na Justiça de Minas Gerais, e gerou uma investigação da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) porque Carvalho e Temer cederam parte dos honorários advocatícios para uma empresa que negocia créditos judiciais no mercado.

Estragos provocados pelo rompimento de duas barragens da mineradora Samarco no distrito de Bento Rodrigues, em Mariana (MG) - 27.nov.2015-Avener Prado/Folhapress

Como noticiou o Painel S.A., a empresa, a M4, no entanto, não tinha registro na CVM para fazer esse tipo de negócio. O caso segue em análise, segundo a autarquia.

A Samarco e suas acionistas, a Vale e a BHP, consideram que a ação é inócua porque a indenização das famílias afetadas pelo acidente vem ocorrendo por meio da Renova, uma entidade independente criada para tal com a supervisão das autoridades públicas. Até o momento, já foram pagos cerca de R$ 30 bilhões.

"Nada impede que afetados pelo desastre recorram à Justiça, exigindo indenizações se não concordam ou não querem usar a Renova", disse Carvalho.

Entretanto, ele afirma que seu processo se refere, especificamente, à decisão da empresa de usar tanfloc logo após o desastre para liberar a água para a população. Antes, a presença de poluentes inviabilizava o consumo, ainda segundo o advogado.

"Busco responsabilizá-las [BHP, Vale e Samarco] pela utilização clandestina [da substância] em dosagem proibida no tratamento da água destinada ao consumo humano", disse à coluna. "Essa substância é cancerígena, segundo a OMS. As empresas tratam a população como se fossem ratos de laboratório."

Documentos obtidos pela coluna mostram, no entanto, que houve um acordo com autoridades naquele momento para que o tanfloc fosse utilizado pelas concessionárias de saneamento.

Carvalho discorda. Ele afirma que, em 2015, antes do referido acordo, a própria empresa já tinha divulgado em seu site que estava misturando a substância na água.

O advogado diz que vinha fez essa denúncia há anos junto à Defensoria Pública e que, diante da inércia do poder público, decidiu ingressar com a ação indenizatória.

Por meio de sua assessoria, a Samarco informa que essa questão está sendo discutida na Justiça. "Os esclarecimentos serão prestados pela empresa nos autos do processo", disse em nota.

Com Diego Felix

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