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Julio Wiziack é editor do Painel S.A. e está na Folha desde 2007, cobrindo bastidores de economia e negócios. Foi repórter especial e venceu os prêmios Esso e Embratel, em 2012

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Fundador da Buser diz que ações judiciais impedirão primeiro lucro da empresa

Marcelo Abritta afirma que plataforma de viagens vai gastar R$ 50 milhões para proteger negócio

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Brasília

Marcelo Abritta tem o físico de um lutador de boxe: mede 1,88m e pesa 94 kg. Nos últimos seis anos, vem tomando golpes das empresas do transporte rodoviário, mas continua no ringue.

CEO e fundador da Buser, ele diz que gastará neste ano R$ 50 milhões com ações judiciais, que tentam barrar seu negócio.

Como é tocar um negócio assim?
Se a Justiça concedeu uma liminar, tenho o direito de operar. Exceto em Minas Gerais, nossa operação está judicializada em todo país. As decisões ora são favoráveis, ora negativas. A maioria é a favor. O problema é que, quando a gente ganha, os incumbentes entram na Justiça contra nossos parceiros. Hoje são 600 ações.

Os empresários Marcelo Abritta (dir.) e Marcelo Vasconcelos (esq.), sócios-fundadores da Buser
Os empresários Marcelo Abritta (dir.) e Marcelo Vasconcelos (esq.), sócios-fundadores da Buser - Rafael Hupsel - 31.jan.2018/Folhapress

Existe apoio financeiro para os parceiros nessas causas?
A gente sempre representa [os parceiros]. É um ônus que se impõe à inovação no setor.

Quanto a empresa gasta com isso?
Serão R$ 50 milhões neste ano. Em seis anos de história, são R$ 200 milhões. Se você pensar que recebemos R$ 700 milhões dos investidores, é bastante relevante.

Como convencê-los de que esse é um bom negócio?
A gente nunca escondeu [o risco] e os investidores sabem que o Brasil é um pouco mais lento. Na Alemanha, essa situação durou dois anos.

Ok, mas negócio deve dar lucro quando?
Neste ano, nosso faturamento quase chegará a R$ 1 bilhão e teríamos o primeiro lucro de cerca de R$ 50 milhões. Este valor será consumido com os litígios.

Na sua avaliação, por que a Buser incomoda tanto?
Porque, no Brasil, o regime de capitanias hereditárias existe até hoje nas estradas. Essas empresas (incumbentes) detêm monopólios pelos quais nunca pagaram. Em São Paulo, o maior mercado, nunca houve licitação [de linhas] desde 1988. Hoje, 70% das rotas são controladas por uma só companhia. O índice vai a 85% nas rotas com duas concorrentes. Entre Rio e São Paulo há cinco ou seis, mas três são do mesmo grupo, que detém 80% da oferta. A consequência são os preços altos. A Buser faz diferente. Com o fretamento colaborativo, os preços são muito menores e conseguimos chegar em lugares hoje desassistidos. Isso deve incomodar.

Uma das críticas é que esse modelo de fretamento colaborativo disfarça uma linha comercial…
A Justiça diz que podemos operar. As empresas de fretamento também atuam como nós. Mas a reclamação só vem para gente porque fazemos em larga escala.


Raio-X | Marcelo Abritta

Formação: Engenharia aeronáutica pelo ITA

Carreira: Iniciou como analista imobiliário. Em 2012, migrou para o setor financeiro (Banco Modal). Em 2013, abriu a Fofostore, que fazia emoticons de pelúcia e faliu anos depois. Montou então uma operadora de estacionamentos, vendida quando fundou a Buser

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