Com uma nova política junto a grandes clientes, os Correios melhoraram o desempenho financeiro e, em maio, atingiram a melhor marca desde o início do governo Lula com um lucro de R$ 85 milhões. Apesar disso, a expectativa é fechar este ano no zero a zero, revertendo um prejuízo de quase R$ 1 bilhão herdado do governo Jair Bolsonaro.
Entre janeiro e junho, o resultado foi deficitário. Os números, que serão publicados nesta quarta (26), mostram que, entre janeiro e fevereiro, houve um prejuízo de R$ 215 milhões, compensado por um lucro de R$ 80 milhões entre março e junho.
Boa parte da retomada, marcada pelo aumento de receitas, se deve a uma reaproximação dos grandes clientes.
Segundo o presidente dos Correios, Fabiano Silva dos Santos, foi possível alinhar demandas e chegou-se a uma revisão da política comercial que resultou em um aumento de receitas. Somente entre os três maiores clientes, essa alta variou entre 30% e 50%.
"Isso mostra que estamos no rumo certo para cumprir a missão de fortalecer os Correios como empresa pública", disse Santos. "A nossa expectativa é que a recuperação de receita continue aumentando, de forma a equilibrar o caixa até o final do ano."
A empresa ainda tenta digerir um prejuízo de R$ 1,1 bilhão, causado principalmente pelos R$ 944 milhões de impactos negativos não recorrentes.
Segundo a nova gestão, esse resultado foi "deixado pela antiga diretoria" e se refere a contingências trabalhistas, precatórios e provisionamentos que não foram devidamente lançados no balanço.
No passado, sob o comando do general Floriano Peixoto, os Correios projetavam um resultado positivo de R$ 1,5 bilhão, em 2022. No entanto, o prognóstico pareceu "excessivamente otimista" à nova cúpula petista, diante de indícios como o não cumprimento da meta de vendas, a queda da receita operacional e a perda das recursos excepcionais trazidos pelo boom de entregas durante a pandemia de Covid-19.
A área jurídica recomendou então uma revisão nos indicadores. A empresa vinha menosprezando, por exemplo, provisionamentos de causas trabalhistas de quase R$ 1 bilhão.
Para a nova diretoria, esses processos estão em fase avançada de tramitação e não há chance de êxito nos tribunais.Porém, as causas vinham sendo computadas como "perdas possíveis", sem provisionamento ou baixa no resultado da companhia.
A gestão passada afirma que foram seguidos os critérios das normas contábeis e da boa administração.
Busca de financiamentos
A nova diretoria pretende ainda partir para captações de recursos financeiros de longo prazo junto ao mercado financeiro com taxas mais atrativas, a fim de garantir os investimentos.
Na lista estão a modernização do parque de tecnologia e de infraestrutura logística, com a construção e a ampliação de complexos operacionais em diversas regiões do Brasil.
Na última semana, por exemplo, a empresa inaugurou um novo centro internacional de encomendas em Valinhos (SP) e abriu a licitação para a contratação da construção de um complexo operacional em Brasília (DF).
Ainda estão previstas construções de centros operacionais em Belo Horizonte (MG), Londrina (PR), São Luís (MA) e Natal (RN).
A reforma da rede de agências próprias (cerca de 6 mil) está prevista para os próximos três anos. Em 2023, serão 400 agências em reforma e as obras estão contratadas.
Com Diego Felix
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