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Mulheres da Rede Jandyras desafiam jovens a discutir agenda climática

Desigualdade ambiental e desigualdade racial se misturam nas periferias da Amazônia

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Mônica Oliveira Eduarda Gonçalves Tatianny Queiroz Luani Rodrigues Cláudia Pessoa Waleska Queiroz Isabela Avertano

As cidades do Norte do Brasil sempre sentiram o impacto direto de estar não só no Sul global, mas também à margem do próprio país. Nesse cenário, infelizmente, a Amazônia é protagonista em um território em disputa, que sofre progressivas alterações provocadas por grandes projetos de desenvolvimento de âmbito local e internacional.

As populações que vivem nesse território, em especial as comunidades tradicionais, negra, ribeirinha e indígena, ocupam locais mais vulneráveis aos efeitos das mudanças climáticas. Esses grupos, que não são ouvidos ou levados em consideração, são os que menos causam danos ao território.

As periferias na Amazônia vivem os impactos de forma diferenciada dentro de seus centros urbanos. E é aí que a desigualdade ambiental se encontra com a desigualdade racial, e para isso se dá o nome de racismo ambiental.

Vista geral do rio Javari, que delimita a fronteira entre Brasil e Peru no Amazonas - Lalo de Almeida - 18.jun/2021/Folhapress

É por isso que datas como o dia 5 de junho, que marca o Dia Mundial do Meio Ambiente, são tão importantes --elas influenciam reflexões na sociedade, fazendo com que a devastação da Amazônia se torne pauta nos meios de comunicação. O que seria bom, né? Só que não.

Na maioria das vezes, há um discurso midiático colonizador de salvamento dessa região, como se fôssemos inertes e estivéssemos à espera de um herói ou de órgãos internacionais para nos salvarem. E os amazônidas (a forma como os habitantes da região referem-se a si próprios) conhecem bem esse discurso de aparência sempre bem-intencionada que, no fim, drena os recursos naturais e deixa para nós apenas um legado de destruição.

E é nesse inconformismo que surgem muitos novos líderes climáticos na Amazônia. Na região metropolitana de Belém, no Pará, foi criado um coletivo de articuladoras ambientais: a Rede Jandyras.
Somos uma organização formada unicamente por mulheres amazônidas de Belém, inquietas e apaixonadas pelo nosso território.

Buscamos construir um presente e, principalmente, um futuro melhor para a cidade. Estamos nos tornando uma referência no enfrentamento da crise climática na Amazônia, principalmente pela criação da Agenda Climática para Belém, que reúne e apresenta propostas de ações de mitigação e adaptação da cidade aos efeitos das mudanças do clima.

A agenda climática foi apresentada aos vereadores de Belém, sendo que oito deles assinaram uma carta compromisso para firmar o apoio à implementação de propostas na cidade. Atualmente, a Rede Jandyras atua em um processo organizado e planejado de informar e de influenciar os vereadores. Por meio de visitas à Câmara Municipal, o objetivo é ampliar a adesão das vereanças à agenda e apoiar o desenvolvimento de políticas públicas pautadas no documento.

Vale destacar também uma iniciativa importante para a Rede: o Lab Clima e Periferias. Promovido pelo PerifaConnection em parceria com o Instituto Clima e Sociedade, o curso permite que jovens periféricos tenham protagonismo na construção das agendas climáticas sobre seus territórios e comunidades. A segunda edição da iniciativa contou com a participação de 20 jovens periféricos de todo o Brasil.
Neste ano, uma das integrantes da Rede participou do curso e falou sobre a importância da ação, que proporciona um espaço de construção, integração e engajamento para redes e coletivos do país no combate à crise climática.

Para finalizar, enfatizamos que as últimas previsões do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) para a Amazônia e para o mundo mostram que, se não reduzirmos as emissões dos gases de efeito estufa, a temperatura mundial aumentará 1,5°C, e esse aumento, que é pequeno na teoria, mas gigantesco na prática, causará a savanização da Amazônia, uma maior intensidade e frequência de ondas de calor, tempestades e inundações, além de um maior número de mortes por estresses de calor, problemas pulmonares e cardíacos.

Bem pessimista, né? Mas ainda temos chance de mudar essas previsões. Temos até 2030 para isso, mas o trabalho começa hoje. E por isso dizemos: o clima está esquentando, te mexe!

Integrantes da Rede Jandyras e colaboradoras do PerifaConnection

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