João está desempregado. Camilo e Madalena também. Eles não vão se beneficiar do aumento autoconcedido pelos ministros do Supremo Tribunal Federal, que propuseram um acréscimo de 16,38% em seus salários, que passarão de R$ 33.763,00 para R$ 39.293,32.
Mas para os três desempregados isso pode ser estimulante. Afinal, se algum dia eles chegarem a ministros do STF, vão ganhar bem, ter estabilidade de emprego e viver tranquilamente sem precisar compartilhar das preocupações de seus compatriotas desafortunados, certo?
Errado.
Quando os ministros do STF ou outras categorias privilegiadas recebem vantagens como salários mais altos, aposentadorias polpudas, pensões de morte para suas filhas solteiras, dois meses de férias ou outros acintes organizados, alguém está pagando, e o conjunto da sociedade é impactado.
Mas que diferença faz? Afinal, se João, Camilo e Madalena estão desempregados, não devem estar pagando impostos. Quem paga impostos são os ricos e empregados, certo?
Errado.
O custo de um Estado que desperdiça ou paga salários fora da realidade não cai apenas sobre o lombo dos contribuintes – em geral, de classe média e empregados. Um Estado dominado por elites de rapina impõe custos ao resto da sociedade e destrói empregos que existiriam se a dívida pública ou os impostos não fossem tão altos.
Quando ministros do STF recebem aumentos sobre seus salários que já são altos demais para a realidade brasileira, existe um efeito cascata, já que seus salários são o parâmetro para outras categorias de funcionários públicos, que vão se beneficiar automaticamente.
Segundo especialistas em contas públicas, o reajuste proposto custaria pelo menos 4 bilhões de reais de gastos adicionais por ano. São 4 bilhões de reais a menos para segurança pública, manutenção de estradas ou gastos mais prioritários do que garantir que a elite dos servidores públicos viva luxuosamente em um país em que a maioria é pobre.
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