O São Paulo não marcou nenhum gol nos primeiros dois jogos oficiais da temporada, pela primeira vez em 35 anos. A torcida protestou. Não tem sentido. Ninguém vai ser campeão em janeiro. É preciso calma para entender o jeito da equipe jogar e perceber o que vai melhorar.

Há inúmeros exemplos de equipes que começaram o ano em crise e terminaram em festa. O Corinthians de Luxemburgo perdeu seus cinco primeiros jogos e fechou 1998 como campeão. O São Paulo de Telê iniciou 1992 com dois empates, perdeu cinco vezes seguidas em março e foi campeão do mundo em dezembro.

Então, calma!

"Impossível não falar do calor, embora não sirva de desculpa", disse o atacante Willian, do Palmeiras, na saída para o intervalo, no domingo (21), em Ribeirão Preto.

Até o calor atrapalha.

Não houve jogo no primeiro tempo em Ribeirão Preto. O Palmeiras tentou diminuir o ritmo com troca de passes e sofreu em saídas de Lelê e Dodô, os dois pontas do Botafogo.

Depois da primeira partida, com temperatura amena na noite de quinta-feira (18), Roger Machado estava confiante: "Vi muitas coisas que acredito", disse o treinador.

No ataque, o Palmeiras é livre. Na defesa, marca com duas linhas de quatro homens, com Felipe Melo entre elas e Borja à frente. Roger Machado acredita em Borja. Julga que pode fazê-lo fazer muitos gols treinando suas entradas em diagonal. Mas com deslocamentos curtos (veja no infográfico abaixo).

Também quer Lucas Lima mais dentro da área. Contra o Santo André, Lucas fez um dos gols e estava dentro da área nos dois outros gols.

Roger também acredita em time base. Vai mesclar durante o ano, pelas lesões e pelo excesso de jogos. Mas tentará manter uma equipe principal, que se conheça de memória. Como o Corinthians do ano passado, os 11 jogadores que mais vezes jogaram juntos em toda a centenária história corintiana.

O Palmeiras manteve os 11 titulares nos dois primeiros jogos, apesar de ter 33 jogadores de alto nível. Foi a primeira vez desde 2012 com os mesmos 11 nas duas partidas iniciais da temporada.

Das coisas em que Roger acredita, três apareceram no gol de Borja, em Ribeirão Preto: 1. Adiantar a marcação, e Willian recuperou a bola na intermediária do ataque; 2. Trocar de posição, e Dudu apareceu na pequena área para fazer o corta luz; 3. Borja. Ele fez o gol.

Jogar mal no primeiro tempo é óbvio. Em Ribeirão Preto, a temperatura era próxima a 35 °C. Não tem perna suficiente para jogar em alto ritmo assim. Não é de hoje. Na Copa do Mundo de 1970, no México, muitas partidas aconteciam ao meio-dia. O Brasil de Pelé marcou 12 de seus 19 gols no segundo tempo (63%).

Também é necessário ter sabedoria para jogar contra o clima. Em janeiro, é impossível ter futebol de alto nível por 90 minutos seguidos.

Taticamente, o Palmeiras de hoje tem um rosto. Joga com duas linhas próximas, Felipe Melo como primeiro homem de marcação, Willian, Lucas Lima, Tchê Tchê e Dudu atrás de Borja, movimentação e controle do jogo com a bola no pé.

A perspectiva é excelente. Pela primeira vez desde que começou a reconstrução do clube, em 2015, o Palmeiras venceu suas duas primeiras partidas oficiais.

Crédito: Editoria de Arte/Folhapress

Sem gol

O São Paulo começou o ano sem gol, nem contra o São Bento, em Sorocaba, nem contra o Novorizontino, no Morumbi. É ruim. Mas é preciso notar que o time foi reserva em Sorocaba e desfalcado no sábado (20). Importante ter paciência com garotos como Brenner e Cipriano.

Neymar

Neymar folgou no domingo, por lesão. Elas não parecem graves e Neymar segue fazendo gols e dando passes decisivos, embora falemos mais das brigas e confusões. O descanso forçado pode ser bom na Copa. Mas, há um ano, ele tinha 23 jogos nesta data. São 22 atualmente.