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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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Seleção brasileira sofre contra adversários que têm cinco defensores

Tite conversou com Josep Guardiola para entender como superar esse cenário

Casemiro e Denis Glushakov disputam bola em amistoso entre Rússsia e Brasil
Casemiro e Denis Glushakov disputam bola em amistoso entre Rússsia e Brasil - Kirill Kudryavtsev - 23.mar.2018/AFP

Tite conversou longamente com Josep Guardiola, no final do ano passado, e foi pessoalmente ao estádio Ettihad, mês passado, assistir a Manchester City x Chelsea. Sua fixação é entender como quebrar as linhas de cinco defensores e quatro meio-campistas, como o Chelsea ganhou a Premier League ano passado.

A seleção sofre contra esse sistema. Depois do empate contra a Inglaterra desfalcada, em novembro, a seleção sofreu de novo contra a Rússia, num 5-4-1. Os ingleses ainda deixavam Rashford mais próximo ao atacante Vardy, num 5-3-2. 

Contra a Rússia, a quebra se deu num contra-ataque com Douglas Costa invertendo a jogada para Willian, gol perdido por Coutinho. Depois, no cruzamento de Willian, gol de Miranda e no pênalti convertido por Coutinho. Abrir mesmo, só depois do primeiro gol.

Na teoria, Tite sabe o que fazer: “O passe diagonal, nas costas do segundo homem, abre o espaço. É preciso paciência para desdentar”, é como Tite define. É como se fosse uma linha de cinco dentes. 
É preciso quebrar um deles.

Como o Brasil se mostrou incapaz de quebrar a dentadura inglesa e sofreu contra a russa, é preocupante pensar em enfrentar Costa Rica e Sérvia, que devem jogar no mesmo sistema que, como uma sanfona, abre-se num 3-4-3 para atacar e fecha-se como um 5-4-1 na defesa.

Mais preocupado do que com desdentar as linhas de cinco homens, Tite só está com Renato Augusto. 
Já era perceptível sua queda de rendimento no final do ano passado. Na conversa com Guardiola, Tite 
questionou sobre a hipótese de usar Fernandinho como meia. Pode acontecer no início da partida contra a Alemanha. 

O princípio não é inverter o triângulo do meio de campo. Não é ter três volantes, mas manter o desenho com Casemiro atrás de quatro armadores. A pergunta é se Fernandinho tem criatividade de meia. 

A resposta de Guardiola é: sim.

O risco de escalar Fernandinho na função que foi de Phillippe Coutinho, em Moscou, é diminuir a capacidade de drible. Mas seu passe é vertical e surpreendente. Mesmo sem ser um ritmista —expressão criada por Tite—, Fernandinho inventa lançamentos e deixa colegas na cara do gol, no Manchester City.

O que não pode acontecer na Copa é esbarrar nos muros defensivos. Tocar de pé em pé, sem achar o espaço para quebrar os sistemas.

É um erro avaliar que o Brasil sofreu no teste russo, porque Neymar está machucado. Contra a 
Inglaterra, Neymar estava em campo e a seleção ficou no 0 x 0.

Lembre-se da jogada já relatada aqui, separada por Tite com seus analistas de desempenho, da inversão do lado da jogada para deixar Neymar no mano a mano. 

É a solução. 

Os passes de pé em pé devem servir como artimanha para atrair o adversário para um lado e inverter a bola para o outro. O objetivo é deixar o atacante no um contra um com o zagueiro.

Contra marcações dobradas, o drible vai existir, mas para dar certo dependerá de um momento de inspiração. No mano a mano, o craque levará vantagem nove vezes em dez tentativas.

Repetir esse tipo de jogada até chegar ao gol foi o que faltou contra a Inglaterra. Contra os russos, o Brasil demorou, mas quebrou-lhe os dentes

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