Felipão chorou.
Não se debulhou em lágrimas, o que torna duvidoso o uso do verbo: chorou? Emocionou-se, então. Mais justo perceber como Felipão abaixou a cabeça emocionado, embargou a voz, ao final de duas horas de conversas com 14 jornalistas ligados à cobertura da Copa do Mundo de 2002.
Questionado sobre ter esperado por Ronaldo e Rivaldo, que os médicos europeus juravam não poderem jogar a Copa da Ásia, Felipão atribuiu o mérito ao médico José Luiz Runco: "Ele me garantiu que eles jogariam". Ora, não foi o médico quem bateu à porta do técnico e disse: "Convoque, que eu garanto". Foi o contrário.
Emocionou-se ao falar sobre o grupo. Para ele, não foi Ronaldo, Rivaldo, Cafu, Roberto Carlos, Ronaldinho... Foi consolidar o grupo.
E Felipão se emocionou ao falar sobre isso.
Por que Felipão se emociona, aos 73 anos, ao ponto de embargar a voz? Por que um homem rico, com a vida feita, a carreira consolidada, tem essa incrível vontade de trabalhar, a ponto de poder levar o Athletico Paranaense às quartas de final da Libertadores, na semana que vem?
Por que Felipão quase chorou ao falar sobre o penta?
Vicente Feola sempre foi o técnico campeão do mundo de 1958, apesar de ter sua casa apedrejada depois da derrota em 1966.
Há um detalhe, que às vezes se esquece.
Neste dia 30 de junho, aos 73 anos, Felipão tem a liberdade de ser apenas: o engenheiro do penta.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.