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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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O Brasil descobriu tarde Carlo Ancelotti

Inacreditável é perceber que italiano é exaltado por quem condenou Tite

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Carlo Ancelotti tem 63 anos, é técnico há 28 e ganhou sua primeira Champions League há 20. Tite o apontou como referência há seis anos, pela capacidade de montar times de acordo com o elenco.

Kaká o elegeu o melhor treinador com quem trabalhou há 15 anos! Ancelotti foi campeão inglês, na época com o melhor ataque de todos os tempos, é o único a vencer as cinco grandes ligas da Europa, levantou taças por PSG, Bayern e Real Madrid com melhor ataque e defesa menos vazada, com o Milan sem nenhum dos dois polos como destaque.

É brilhante por ser simples. Não se trata de um inovador como Guardiola, não é agressivo na marcação por pressão como Klopp, não é revolucionário como Cruyff.

Carlo Ancelotti é brilhante por ser simples - Susana Vera - 11.fev.23/Reuters

Seu mérito é o de ser uma esponja, consumir informações, adaptá-las ao que conheceu como jogador, beber de diferentes fontes. Foi treinado por Arrigo Sacchi, o mais revolucionário técnico da década de 1980, junto a Cruyff, e nem por isso usa todos os seus ensinamentos.

Nem os despreza.

Faz política, a ponto de citar Silvio Berlusconi e Florentino Pérez na entrevista pós-título mundial contra o Al Hilal.

Conta-se que, em 2021, quando parecia decadente na direção do Everton, décimo lugar no Campeonato Inglês, foi consultado por um dirigente do Real Madrid sobre um possível sucessor para Zidane. Afirmou: "Eu mesmo!".

Foi contratado e não desapontou. Vinicius Junior melhorou sob seu comando, Rodrygo foi decisivo, Benzema virou protagonista de uma campanha de Liga dos Campeões, como não era com Cristiano Ronaldo.

A revolução brasileira não depende de Ancelotti e seria mais transformadora se viesse Guardiola. Mas a mudança de que o Brasil precisa passa pela parte da imprensa que descobriu, apenas depois da Copa do Mundo, que Ancelotti ganhou títulos na Itália, na Inglaterra, na França, na Alemanha e na Espanha, nessa ordem.

Passa pelo respeito às etapas de trabalho, por não esperar Ancelotti montar seu primeiro time para chamá-lo de retranqueiro, como já foi quando dirigia o Milan.

Seu sistema em formato de árvore de Natal tinha Kaká e Seedorf, dois meias logo atrás de Filippo Inzaghi, o único atacante, depois da venda de Shevchenko para o Chelsea. Só foi unânime depois de ganhar a Liga dos Campeões, numa final contra o Liverpool, em Atenas.

Dois anos antes, perdeu para o mesmo Liverpool, em Istambul, depois de ter feito 3 a 0. A culpa foi apontada para ele.

A maior sabedoria de Ancelotti é não transparecer que pode deixar o Real Madrid e ir morar no Rio de Janeiro, para dar sequência ao trabalho –e ao equilíbrio– que a seleção teve com Tite. Ancelotti é bom nome. Nada mais do que isso.

Se a negociação avançar e ele assumir a seleção, não será o primeiro estrangeiro, mesmo considerando que o argentino Filpo Núñez só se sentou no banco da seleção uma vez. O uruguaio Ramón Platero foi o técnico no Sul-Americano de 1925.

Inacreditável é perceber que Ancelotti é exaltado por quem condenou Tite, sem perceber que o técnico do Real Madrid foi a inspiração do ex-técnico da seleção nas duas últimas Copas do Mundo.

Ancelotti é bom. A contratação será positiva, se acontecer. Mas não pode ser só o treinador. Nós, imprensa, dirigentes e torcida, precisamos mudar se queremos que algo mude de verdade.

Esquema tático
O Real de Ancelotti, campeão do mundo
Esquema tático
O Milan em sistema árvore de Natal

Rony no ataque

Abel Ferreira mudou cinco peças na vitória do Palmeiras sobre o Água Santa, e foi a maneira de tirar Endrick, sem parecer castigar a revelação. Até porque Endrick não merece castigo. Crescer dói, e ele está crescendo a cada partida sem gols. Giovani passou a ser o xodó da torcida. O Palmeiras precisa dos dois.

Disse o garçom corintiano do restaurante, em São Paulo: "Se o Flamengo não foi campeão com Jesus, vai ser com esse Judas aí?". Não é Judas, e a graça não exclui dar chance para que Vítor Pereira prossiga seu trabalho depois do terceiro lugar no Mundial. Se tentar desfazer o quarteto ofensivo, poderá perder qualidade.

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