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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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Inzaghi procura um antídoto para o futuro na Liga dos Campeões

Ele tem pouca chance de achar uma resposta para seu rival

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Simone Inzaghi procura um antídoto.

E, como assim, esta coluna sobre a final da Liga dos Campeões não começa por Guardiola?

Ora, tudo começa por Guardiola nesta temporada.

Justamente esta é a razão de a cobertura da decisão de Istambul não se resumir ao técnico catalão, um símbolo de cidadania, que fala de racismo e nacionalismo catalão, tudo com absoluta perfeição.

Mas comete o erro de não tocar nos pontos centrais do que acontece nos Emirados Árabes, que pagam seu salário.

Guardiola é o melhor técnico do mundo - Jason Cairnduff - 6.jun.23/Action Images via Reuters

Guardiola é o melhor técnico do mundo, um gênio, capaz de reinventar sistemas táticos do passado.

De ter sido bicampeão da Champions League escalando Messi como centroavante falso, como foram Johan Cruyff, Hidegkuti e Sindelar, nas seleções da Holanda, Hungria e Áustria.

Ou, nestes últimos três anos, de ter reinventado o WM.

O sistema criado pelo escocês Herbert Chapman nasceu depois da mudança da lei do impedimento, em 1925. Enquanto todos procuravam fazer mais gols, aproveitando que o "offside" não seria mais marcado tendo três adversários entre o último avante e a linha de fundo (eram três!), Chapman recuou um médio.

O mundo saiu do 2-3-5 para o 3-2-2-3, o que significava o desenho de um M na defesa e de um W no ataque.

Os times de Chapman pararam de sofrer gols. Bingo!

Eureca mais ainda de Guardiola, que redefiniu o jogo deixando Walker, Rúben Dias e Akanji atrás de Stones, como médio, ao lado de Rodri, o volante que mais sai da pressão adversária. Na frente, De Bruyne e Gündogan como meias, pouco atrás de Bernardo Silva, Haaland e Grealish.

Guardiola tem inteligência acima da média, é o mais criativo pensador de futebol desde seu mestre, Johan Cruyff, falecido em 2016.

O melhor técnico do planeta está a serviço da ditadura dos Emirados Árabes, dona do Manchester City, tradicional escola de futebol britânico. Se você não aceita essa definição, não olhe para trás com rancor, como cantariam os irmãos Liam e Noel Gallagher.

No Oriente Médio, os Emirados são um oásis de liberdade aparente, mas há tanta misoginia quanto no Qatar.

Incrível esta decisão acontecer no Bósforo, que divide a Ásia da Europa, como se separasse a Internazionale de propriedade chinesa de sua origem italiana, ou o Manchester City, cuja torcida provoca os rivais do United ao dizer que os azuis são da cidade, quando na realidade são de Abu Dhabi.

Simone Inzaghi não possui uma mente criativa como a de Guardiola. Julga que a finalíssima de Istambul será decidida no meio de campo e jura que não trocaria o seu trio central –Calhanoglu, Barella e Mikhtarian, que passou pela base do São Paulo, mesmo tendo nascido na Armênia– pelo do Manchester City.

Para Inzaghi, final será decidida no meio de campo - Gabriel Bouys - 5.jun.23/AFP

A Internazionale nasceu costela do Milan, dissidência por querer jogadores de todo o planeta, em vez de apenas italianos. Tornou-se o primeiro e único time campeão da Liga dos Campeões com 11 titulares e o técnico estrangeiros: Julio Cesar, Maicon, Lúcio, Samuel e Chivu; Cambiasso e Zanetti; Eto’o, Sneijder e Pandev; Diego Milito. Todos dirigidos por José Mourinho.

Até hoje o Barcelona, de Guardiola, pensa ter perdido a semifinal em Milão apenas porque um vulcão entrou em erupção na Islândia e obrigou a realização de uma viagem de ônibus entre a Catalunha e a Lombardia. Resultado: Internazionale 3 x 1 Barcelona.

Não fosse o vulcão, Guardiola já teria seu terceiro título.

Não há previsão de erupção na Turquia.

Simone Inzaghi tem pouca chance de encontrar um antídoto para seu rival, o homem que redescobre os sistemas do passado para criar o futebol do futuro.

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