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Jornalista e autor de "Escola Brasileira de Futebol". Cobriu sete Copas e nove finais de Champions.

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Corinthians: o que há por trás da seca de títulos

Não se trata de disputar quem é pior presidente da história, mas de compreender como pode ser melhor

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O Corinthians completará a quarta temporada seguida sem nenhum título, seu pior resultado desde o quadriênio 1984-1987. Sem contar aquele período, é a pior seca de troféus após o fim do jejum de 23 anos, com o gol de Basílio, contra a Ponte Preta.

Duilio Monteiro Alves será o primeiro presidente sem ganhar nada desde Marlene Matheus (1991-1993). Ela ainda ganhou a Supercopa no dia em que foi eleita, véspera de sua posse. Para encontrar alguém sem nem isso, é preciso voltar a Roberto Pasqua (1985-1987).

Duilio é chamado de pior presidente da história.

Não é o pior.

Duilio Monteiro Alves, presidente do Corinthians, durante entrevista no CT do Parque Ecológico
Duilio Monteiro Alves, presidente do Corinthians, durante entrevista no CT do Parque Ecológico - 9.abr.21/Agência Corinthians

Wadih Helu teve cinco mandatos sem vencer nada (1961-1971). Por causa dele, nasceu a Gaviões da Fiel, lutando contra seu autoritarismo. Depois dele, Miguel Martinez foi eleito e deposto por má gestão no intervalo de quinze meses.

Não se trata de disputar quem é pior, mas de compreender como pode ser melhor.

O Corinthians aumentou sua receita, aproximou-se de Flamengo e Palmeiras, mas não aplica estratégias profissionais de contratações de jogadores, técnicos e administração de seus departamentos fundamentais. Exceção talvez seja o marketing, que ajudou a aumentar a arrecadação estacionada nos R$ 400 milhões por quase dez anos.

A fronteira entre passar anos disputando classificações intermediárias e voltar a brigar por todas as taças passa pelas eleições, em novembro. André Luiz de Oliveira e Augusto Melo disputam a cadeira, que só é menos problemática do que desejada, numa contraditória equação, não tão difícil de ser entendida.

Neste sábado, o Corinthians enfrenta o Flamengo.

O clássico das duas maiores torcidas do país simboliza o fracasso dos dois gigantes. O Flamengo, em quinto lugar, sempre contrata o melhor técnico do mercado e, dois meses depois, tem um dos piores da sua história. Tite está prestes a assumir o posto que já fez derreterem nomes importantes como Renato Gaúcho, Vítor Pereira e Jorge Sampaoli.

O Corinthians terá mais de 30 mil pessoas nas arquibancadas em Itaquera, resultado da política de sócios torcedores que trouxe a grande herança dos tempos vencedores. Quando foi campeão paulista de 1982, o time levava 24 mil pessoas aos estádios em média –sem contar as finais contra o São Paulo. Conquistou o Brasileiro de 2005, com Tévez, Nilmar e 26 mil pessoas no Pacaembu.

Hoje, em 13º lugar, tem 38 mil pagantes em Itaquera.

Mais gente do que a média de público do clássico Flamengo x Corinthians, no Maracanã, antes da reforma.

As duas maiores torcidas do Brasil levavam 32 mil espectadores por jogo ao maior estádio do planeta, quando tinha 200 mil lugares. Isso representava 16% de ocupação. Atualmente, 48 mil por jogo entre rubro-negros e alvinegros.

Nas últimas duas semanas, o Corinthians teve 37 mil contra o Grêmio, numa terça-feira (18.set), 38 mil com o Botafogo, numa sexta (22.set), e 42 mil na terça (25.set). Para o corintiano, todo dia é dia de ver o Corinthians. É impensável um clube assim alcançar sua maior seca de títulos desde o gol de Basílio, há 46 anos.

A eleição será a fronteira entre voltar às vitórias ou deitar-se em berço esplêndido.

São 15 anos de uma relação que teve um até logo, em 2011, e um retorno para uma nova relação ininterrupta de dez anos. Três Copas do Mundo com colunas feitas do local do evento depois, este colunista se despede, por contingências e, esperamos, momentaneamente. É um até logo, não será jamais um adeus! Orgulho imenso de ser colunista da Folha de S.Paulo. A partir deste momento, licenciado por tempo indeterminado.

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