Ranier Bragon

Repórter especial em Brasília, está na Folha desde 1998. Foi correspondente em Belo Horizonte e São Luís e editor-adjunto de Poder.

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Ranier Bragon

A demagogia que cerca o fundão eleitoral

Financiar campanhas com dinheiro público não é imoral; modelo é que tem que ser revisto

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Congresso e governo definem nos próximos dias quanto será sacado dos cofres públicos para financiar candidatos a prefeito e vereador em outubro do ano que vem.

Trama-se o escândalo nacional de tirar mais de R$ 2 bilhões da merenda das criancinhas para colocar na mão de uma súcia de vigaristas. Esse é o enredo contado e repetido, o que indica que bilionário também é o palavrório fiado em torno do tema.

A não ser que concordemos que a "transformação que o Brasil quer" não se dará pelas vias democráticas, é preciso saber que a democracia tem um custo, e ele não é pequeno.

Sinto desapontar o patriota da camisa verde e amarela, mas, mesmo que não houvesse fundão, esses R$ 2 bilhões possivelmente não iriam para a merenda das criancinhas. Poderiam ir pra qualquer coisa –incluindo o custeio da logística para Jair Bolsonaro acompanhar in loco as rodadas do Brasileirão– ou apenas para a redução do déficit fiscal.

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Bolsonaro e Moro no jogo Flamengo x CSA, na 9° rodada do Campeonato Brasileiro 2019 - Alex Farias/Photo Press/Folhapress
 

Parece impossível a algumas mentes aparvalhadas entender que a correta aplicação de R$ 2 bilhões no financiamento das eleições –repito, a correta aplicação– trará muito mais benefícios às criancinhas. Uma democracia consolidada e inquestionável é melhor do que qualquer ideia surgida da parolagem autoritária e simplória do anti-tudo-isso-aí. 

Registre-se que alguns execram o fundão, mas omitem malandramente o fato de que a carteira recheada e o autofinanciamento sem limite lhes darão léguas de vantagem. O dinheiro empresarial, proibido, irrigou a corrupção. As doações de pessoas físicas ainda são uma quimera. 

É preciso, certamente, alterar a absurda regra de distribuição do fundo eleitoral. Não é admissível que dirigentes partidários controlem qual candidato será beneficiado e com quanto. Isso não pode mais ser alterado para 2020. Que o Congresso crie vergonha e aprove um modelo realmente democrático para 2022 –caso contrário, continuará jogando lenha na fogueira dos que veem a democracia e a política como a causa de todos os nossos problemas.

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