Eliane Trindade

Editora do prêmio Empreendedor Social, editou a Revista da Folha. É autora de “As Meninas da Esquina”.

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Garoto mineiro de 10 anos lança segundo livro de saga de 50

Inspirado em vilões da Marvel, Ricardo Gontijo, o Cacá, diz que ser escritor é fácil; difícil é dar entrevista

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​Do que ele mais gosta no fato de ser escritor é saber que desconhecidos apreciam seus livros e embarcam nas suas fantasias. 

“É bem legal descobrir que pessoas que eu nem conheço estão lendo meus livros”, diz Ricardo Valadares Gontijo Valle, da altura dos seus 10 anos e com duas obras publicadas.

O autor de "Necromance - A Conquista do Planeta dos Dragões" e de "Bestiário das Criaturas", ambos editados pela Autografia, só não é muito fã de entrevistas, especialmente aquelas longas, quando é convidado a explicar a sua paixão pelas letras. 

A pedido da Folha, o autor-mirim fez a lista dos seus livros preferidos. Está no topo "Mitologia Nórdica", de Neil Gaiman, considerado uma "máquina humana de criar histórias", aposto que o garoto mineiro espera somar ao seu nome daqui a alguns anos.

Nascido em Belo Horizonte em uma família de engenheiros, Cacá projeta para si um futuro luminoso na literatura.

"Quero ser o maior escritor do mundo", confessa, sem falsa modéstia.

É um desejo de quem já começou a trilhar bem cedo o caminho de dar vida a 50 livros de uma saga sobre um universo em criação, povoado de dragões serpentes e outras criaturas fantásticas cheias de superpoderes.

Uma temática própria de quem é fã da chamada Trilogia do Infinito, composta por Desafio Infinito, Guerra Infinita e Cruzada Infinita, marco entre as mega-sagas da Marvel Comics. 

Deus desse universo particular inspirado em HQs, Marvel e mitologia nórdica, Cacá adora o poder de criar, de fazer ficção e ter total liberdade, de vida e de morte, sobre uma série de criaturas forjadas em sua imaginação fértil.

O preferido é Shi Tzu Ctrax, personagem do primeiro livro, um dicionário de figuras, reinos e planetas diversos.

“Eu tinha cinco anos quando o criei e ele parecia o Darth Vader", relata ele, sobre a influência do antagonista da série "Star Wars". 

"Hoje o Shi Tzu é totalmente diferente. Ficou melhor que Vader. Não basta ser vilão, tem que ter uma boa história por trás", diz ele, sobre a evolução da personagem e dele também como ficcionista.

Cacá diz ter arsenal para preencher pelo menos outros oitos livros da série pretendida sobre Necromance.

"Ele tem superpoderes, mas precisa criar mundos para dar sentido à sua existência vazia", define o autor, sobre o protagonista do segundo livro, inspirado em seu mangá preferido de mesmo nome. 

Cacá parece bem à vontade na manhã de autógrafos de "Necromance", em um shopping de São Paulo. 

O evento é regado a balões e réplicas de carne e osso de personagens saídas da cabeça do garoto mineiro. 

"As ideias vêm assim, do nada", descreve ele, sobre o processo criativo em que vai dando corpo e movimento a vilões aterrorizantes. 

A viagem da leitura começou na primeira infância, quando o prazer de ler era descoberto no colo da avó materna, Ana Lúcia, a quem dedica o romance infanto-juvenil.

O estímulo da mãe, Ana Gontijo, também vem pavimentando o caminho de Cacá na literatura.

No prefácio de Necromance, Olavo Romano, presidente emérito da Academia Mineira de Letras, elogia a “escrita clara e econômica do autor ao conduzir, com segurança, por peripécias trepidantes em lugares inóspitos heróis que portam dons, fraquezas e ambições humanas”.

Os heróis e vilões imaginados por Cacá, e lindamente ilustrados, ganharam forma na passarela da São Paulo Fashion Week, inspirando a coleção inverno 2020 da estilista Glória Coelho. 

Foi uma união dos universos da estilista consagrada de 68 anos e o do menino prodígio mineiro.  

“Foi muito legal o desfile. No final, eu apareci junto com a Glória. Ela leu os livros e eu fui a São Paulo ver as roupas”, conta Cacá, que contou com a presença da estilista também no lançamento paulistano da obra. 

Para Cacá, escrever é melhor que estudar. Ele se diz um bom aluno, mas confessa que a escola é bem menos interessante que os livros.

“Português é a pior matéria. É chato”, decreta. Diz que se sai bem em redação, mas tem preguiça de escrever a pedido dos professores.

“No livro, eu coloco coisas da minha cabeça. Na escola tem mais parâmetros", compara. "Sou mais livre na literatura.”

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