Renato Terra

Roteirista e autor de “Diário da Dilma”. Dirigiu o documentário “Uma Noite em 67”.

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Renato Terra

Fluminense é um sentimento sem igual

O futebol como embrião de uma poderosa ideia de Brasil

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O torcedor tricolor sabe o que é viver em estado de poesia. Onde os outros veem um imprevisível esquema tático, a gente enxerga uma música de Cartola. Onde os outros veem um time campeão, a gente enxerga uma utopia. Onde os outros veem um gol de John Kennedy, a gente enxerga a redenção da América do Sul.

O Fluminense é a mais bonita ideia de transcendência. É o elixir que traz o gosto da eternidade no céu da boca. O nó que une pessoas que mais amamos aos momentos da mais intensa alegria. Que leva adultos e crianças à infância. Que traz os mortos para a vida.

Não somos os mais numerosos. Não decidimos nosso time como quem escolhe uma pasta de dente. O Fluminense é uma visão de mundo.

Enxergamos, há tempos, o futebol do futuro que apontou o New York Times. A alquimia de Fernando Diniz faz desaparecer os limites entre futsal, várzea e Maracanã numa filosofia brasileira absolutamente original. É pelada e vanguarda. É improviso e estratégia. É pânico e êxito. "É Beatles e a banda de pífanos de Caruaru", poderia resumir o mestre tricolor Gilberto Gil.

Sobre um fundo preto há o escudo do Fluminense com um brilho dourado atrás e três órbitas ao redor com um planeta brilhante em cada uma.
Ilustração de Débora Gonzales para coluna de Renato Terra de 9 de novembro de 2023 - Débora Gonzales/Folhapress

Enxergamos o futuro do Brasil em Xerém: o maior celeiro de craques do mundo une trabalho árduo com inclusão social. Não à toa, Xerém tem orgulho de exibir seu lema: "Faça uma melhor pessoa que teremos um melhor jogador", num ciclo sem fim que forma o multicampeão Marcelo, o mitológico André e o promissor Kauã Elias. Mas que tem em John Kennedy a encarnação de sua filosofia.

Já não se sabe mais se é sonho ou realidade que ganhamos uma final de Libertadores no Maracanã contra o Boca Juniors. Na prorrogação. Com nossa torcida, exuberante, pulsando mais do que os xeneizes. E com um chutaço monumental de um jogador negro tendo que passar pela goela de alguns racistas.

Mas nós, tricolores, sabemos que o Fluminense não montou apenas uma máquina comercial que empilha títulos a qualquer custo. Montou uma filosofia. O Fluminense tem alma. É muito mais que um clube de futebol.

Alinhamos sentimentos passados e futuros de torcedores, jogadores e dirigentes quando nos posicionamos institucionalmente como o Time de Todos. Enxergamos que nosso Cartola-símbolo é o genial compositor da Mangueira. Hoje o Fluminense forma pessoas, inspira o Brasil, acolhe a todos e todas, joga bonito e é campeão da Libertadores.

Como canta nossa torcida, o Fluminense é um sentimento sem igual.

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