Renato Terra

Roteirista e autor de “Diário da Dilma”. Dirigiu o documentário “Uma Noite em 67”.

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Descrição de chapéu ginástica artística

Rebeca esbanja saúde mental

E tem gente que fica nervosa para apresentar um trabalho de grupo no colégio

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"O que passa pela sua cabeça no momento que você tá aquecendo? No momento que você tá se preparando para a prova?", perguntou a jornalista Karina Alves, do Globo Esporte.

Esperava-se que Rebeca Andrade desse uma resposta sobre sua heroica trajetória até ali. Uma vida inteira regida por uma obstinação incalculável, marcada por lesões. Uma história de redenção de uma atleta de origem pobre que encontrou no esporte a redenção social, política, comportamental, racial e feminina. Ou então a apreensão de competir contra Simone Biles.

Nada disso.

"Eu tava viajando na maionese", respondeu Rebeca. "Estava pensando nas receitas que eu vou fazer quando eu voltar pro Brasil."

A maior atleta da história do esporte olímpico brasileiro possui uma habilidade incomum: ela se preocupa apenas com aquilo que é real. E isso é fundamental para seu êxito.

Rebeca tem um recado pra você que já travou numa apresentação de trabalho de grupo no colégio. Que treme nas cadeiras do avião a cada turbulência. Que imagina todas as possibilidades de fracasso numa entrevista de emprego. Que fica com a boca seca na hora de se declarar para aquele crush.

Rebeca é uma influencer analógica que inspira a "geração ansiosa" a se desgrudar da vida irreal na tela do celular.

Ilustração de Rebecca Andrade saltando de avental rodeada de frangos assados
Ilustração de Débora Gonzales para coluna de Renato Terra de 8 de agosto de 2024 - Débora Gonzales/Folhapress

Mas saúde mental também é fruto de trabalho. Além de saudar a estrutura do COB, do Flamengo e do projeto social Iniciação Esportiva, da Prefeitura de Guarulhos (SP), que a acolheu aos quatro anos, Rebeca sublinha sempre o trabalho da psicóloga Aline Wolff.

"Eu tento cuidar ao máximo da minha cabeça, do meu corpo. Pra ter aquele equilíbrio pra que eu consiga fazer as apresentações bem tranquila, sem pressão. Sem obrigação de voltar pra casa, pro Brasil, com medalhas. Eu faço porque é o meu trabalho, porque eu amo", disse Rebeca na entrevista ao Jornal Nacional.

É claro que o nível de concentração de Rebeca é alcançado apenas pelos gênios. Faça você mesmo, caro leitor, o seguinte exercício: pegue a frase da Rebeca "eu faço porque é o meu trabalho, porque eu amo". Agora imagine-se exercendo o seu trabalho ao vivo diante dos olhares atentos de bilhões de pessoas. E com o agravante de receber uma nota no final. Seja você um analista de marketing, um escritor, um passeador de cachorros. Duvido que não sinta a pressão.

Rebeca, receba toda minha sincera admiração.

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