Roberto Dias

Secretário de Redação da Folha.

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Comer, falar, governar: o ridículo da independência catalã não tem fim

Lideranças políticas têm se mostrado craques em falar muito e fazer pouco

O fracassado processo de separação da Catalunha não para de jogar fermento no ridículo.

A última adição foi feita nesta semana, na primeira viagem do rei Felipe 6º à região desde o auge da crise independentista.

A prefeita de Barcelona, Ada Colau, recusou-se a participar da recepção a ele, dizendo-se decepcionada com o duro discurso feito pelo monarca no ano passado contra o separatismo.

O momento quinta série ficou ainda mais infantil porque logo depois ela apareceu em um jantar com Felipe pedindo justamente “diálogo” —para ouvir dele que seu papel era respeitar a lei.

Ridículo ainda maior aconteceu na semana passada em Madri. Um humorista gravava um esquete em um parque vestido como Carles Puigdemont, o governante que liderou o processo separatista e que agora se encontra refugiado na Bélgica para não ser preso. Algumas pessoas acharam que se tratava do verdadeiro Puigdemonte a polícia foi chamada.

O rei Felipe 6º participa da abertura do Mobile World Congress em Barcelona, na segunda-feira (26)
O rei Felipe 6º participa da abertura do Mobile World Congress em Barcelona, na segunda-feira (26) - Josep Lago/AFP

A Catalunha já soma mais de dois meses sem formar governo desde a eleição. O enredo traumático é daqueles que embaralham convicções formadas. 

 

Quem acha a monarquia um absurdo medieval tem de reconhecer que, nesse caso específico, ela vem funcionando como elemento redutor da instabilidade. Quem defende o parlamentarismo como um sistema eficiente em resolver crises não pode dizer que foi bem assim desta vez.

Qualquer fórmula de organização política será sempre no máximo tão boa quanto as pessoas que ocupam os principais cargos. E as lideranças políticas catalãs têm se mostrado craques em falar muito e fazer pouco.

O “procés”, como é chamado o caminho do separatismo, deixou como legado um independentismo que não tem como objetivo a independência, por inviável. A ver o que farão os líderes catalães quando tiverem de lidar de novo com os problemas reais das pessoas.

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