Ruy Castro

Jornalista e escritor, autor das biografias de Carmen Miranda, Garrincha e Nelson Rodrigues, é membro da Academia Brasileira de Letras.

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Ruy Castro

Meus vampiros favoritos

O Drácula ideal é um homem alto, imponente, elegante e irresistível sedutor de suas vítimas

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Esteve por aí um filme sobre Drácula, "A Última Viagem do Deméter", prometendo o vampiro mais sanguinário do cinema. Saiu de cartaz com a mesma velocidade com que entrou e, pelo que ouvi, é fácil entender o fiasco. O monstro é uma fera em forma de morcego, com uma boca de 32 caninos, copiosa salivação e nenhuma consideração para com os humanos que viajam com ele naquele navio. Quem tem medo de um vampiro tão óbvio?

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Pôsteres de filmes clássicos, livros de e sobre Drácula e o busto de Bram Stoker, criador do vampiro - Heloisa Seixas

Drácula, para apavorar, tem de ser um irresistível sedutor de suas vítimas, como o personagem criado pelo irlandês Bram Stoker em 1897: um nobre da Transilvânia, alto, imponente, elegante e com uma família de mil anos, quem sabe um Habsburgo. Não fosse pela infelicidade de sua alergia à cruz e de os espelhos não refletirem a sua imagem, abafaria nos salões do Império Austro-Húngaro.

Eis porque nunca houve um Drácula como Christopher Lee (1922-2015). Lee, 1,96m, culto e ele próprio de origem aristocrata, correspondia exatamente à descrição de Bram Stoker. Daí ter interpretado Drácula em seis filmes, sendo o primeiro, "O Vampiro da Noite" (1958), também o primeiro Drácula a cores —detalhe nada desprezível, já que o sangue fotografa melhor em vermelho. Isso não desmerece o primeiríssimo "Drácula", de 1931, com Bela Lugosi, que era húngaro de verdade e, quem sabe, descendente de Vlad Dracul (1431-76). E aqui chegamos ao Drácula que inspirou todos os Dráculas.

Vlad foi um príncipe da Valáquia, em eterna guerra contra os otomanos. Era gentil com seus prisioneiros até a hora de empalá-los vivos, em estacas pontiagudas que os atravessavam pelo ânus e lhes saíam pela boca. Matou 20.000 pessoas assim, plantando florestas de empalados em seu país.

Daí ter passado à história como Vlad, o Empalador. Mas, no fundo, talvez não gostasse do que fazia. Tanto que, segundo recente notícia nos jornais, chorava lágrimas de sangue.

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