Sandro Macedo

Formado em jornalismo, começou a escrever na Folha em 2001. Passou por diversas editorias no jornal e atualmente assina o blog Copo Cheio, sobre o cenário cervejeiro, e uma coluna em Esporte

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Leicester, do milagre com Ricardo 3º ao fiasco com Charles 3º

Altos e baixos do time inglês é quase um 'The Crown' do esporte bretão

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Terminou neste fim de semana a edição da Premier League, que marcou o título do Arsenal (uhu) como o melhor entre os 19 clubes que disputaram a competição —infelizmente, teve aquele 20º time, imbatível, treinado por Pep Guardiola, sob o qual paira uma nuvem permanente de dinheiro e que não sabe brincar com os outros.


Na última rodada, foi interrompida também a história recente mais brilhante e cinematográfica de qualquer time da primeira divisão inglesa com o rebaixamento do Leicester.

Pequeno torcedor do Leicester chora com o rebaixamento da equipe, que não disputará a Premier League na próxima temporada - Darren Staples - 28.mai.23/AFP

Curiosamente, a trajetória do Leicester pode ser contada do triunfo com Ricardo 3º à queda com a coroação de Charles 3º... praticamente um "The Crown" do esporte bretão.

Mais conhecido pelas adaptações da peça de William Shakespeare do que pelos livros de história, Ricardo 3º era considerado um rei maldito, usurpador do trono, cujos restos mortais estavam perdidos desde sua morte, em 1485.

Em 2012, quando sua suposta ossada foi encontrada em um estacionamento na cidade de Leicester, o clube estava na Série B inglesa, na qual chegou a disputar os playoffs, mas perdeu. No ano seguinte, com o exame de DNA confirmando a ossada real, o Leicester foi promovido para a endinheirada Premier League. Coincidência?

Bioarqueóloga da Universidade de Leicester analisa o crânio do rei Ricardo 3°, em 2013 - Andrew Cowiea - 4.fev.13/AFP

Os anos que se seguiram foram de debate sobre como enterrar Ricardo: com o reconhecimento de um rei ou apenas como um usurpador da coroa?

Em março de 2015, finalmente os restos de Ricardo foram transferidos com honras militares para a catedral de Leicester. E o time, que estava desacreditado, em último lugar, deu uma arrancada espetacular para permanecer na primeira divisão.

Então veio o ano seguinte (ainda sem Pep estragando a brincadeira dos outros), quando na temporada mais miraculosa da história de um time pequeno inglês, o Leicester se sagrou campeão da Premier League, recheado de jogadores antes considerados apenas medianos e com um técnico longe da elite futebolística (Claudio Ranieri). De repente, o maldito Ricardo 3º virou o rei abençoado em Leicester.

Mas então veio a temporada 2022/2023 e, após anos de calmaria real, a coroa mudou de dono, com a morte de Elizabeth 2ª e a coroação, em maio, de seu filho, Charles 3º.

A volta de um rei não deu sorte aos Foxes, como são conhecidos, e o time foi rebaixado na última rodada, como o terceiro pior da competição.

No jogo contra o West Ham, torcedor do Leicester pede que os 'Foxes', jogadores do time, não desistam - Darren Staples - 28.mai.23/AFP

Este escriba espera que o simpático Leicester —que joga no estádio King Power (sugestivo nome do patrocinador)— volte à realeza do futebol sem que seja preciso esperar por mais uma coroação.

Para os cinéfilos que estiverem curiosos com a história da descoberta da ossada de Ricardo 3º, saibam que ela virou filme recentemente, no ainda inédito por aqui "The Lost King" (o rei perdido), de Stephen Frears, com Sally Hawkins no papel da intrépida Philippa, mulher que descobriu o paradeiro real em Leicester.

Boston é a cidade da virada?
Quando esta coluna chegar ao jornal impresso (na terça, 30), já se saberá que fim levou a histórica final de conferência na NBA entre Boston Celtics e Miami Heat. Depois de levar um 3 a 0, o Boston reagiu e empatou por 3 a 3 —com a cesta decisiva do jogo 6 feita a 0,1s do fim. Se virar, será a primeira vez em 151 ocasiões em que um time superou um 3 a 0 numa série melhor de 7.

Também em Boston, mas no beisebol, o Red Sox conseguiu tal proeza em 2004, contra o New York Yankees, seu maior rival.

Isso sem contar a façanha do New England Patriots, da mesma Massachusetts, que virou em 2017 um 28 a 3 num Super Bowl contra o Atlanta Falcons, a maior virada da final da NFL.

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