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Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

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O jogo de futebol é sempre uma maratona

Atletas correm sem parar, mas é preciso unir vitalidade e talento

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Fluminense e Manchester City farão a final tão desejada do Mundial de Clubes. O City, como acontece na maioria de suas partidas, teve a bola, dominou o jogo e aos poucos construiu a vitória por 3 x 0 sobre o Urawa Reds, mesmo sem um jogador para ocupar a posição de centroavante. Haaland e De Bruyne não jogaram e estarão de fora da final.

O Flu e o Al Ahly fizeram um jogo equilibrado, com sete chances de gols para cada equipe. O Fluminense trocava passes e envolvia o time egípcio, enquanto o Al Ahly, nos contra-ataques rápidos, criava também chances de gol. No final, prevaleceu a maior qualidade individual do time brasileiro. Fábio foi o principal destaque do Fluminense.

Marcelo durante a partida Fluminense 2 x 0 Al Ahly - Giuseppe Cacace/AFP

Diferentemente do Manchester City, que pressiona em todo o campo para recuperar rapidamente a bola, o que faz com grande eficiência, o Al Ahly e o Fluminense deixavam muitos espaços no meio campo para o outro time ficar com a bola. O Fluminense alterna as duas marcações, a mais recuada e a mais adiantada, mas há tempos tem priorizado o recuo para fechar os espaços perto da área. No mundo, especialmente na Europa e na Inglaterra, a marcação por pressão é cada vez mais utilizada.

A principal vantagem de marcar por pressão é recuperar a bola mais perto do outro gol e avançar com muitos jogadores. Meio-campistas se tornam meias atacantes. A desvantagem ocorre quando a pressão é vencida e se abrem muitos espaços nas costas dos defensores, que também avançam em bloco junto com o meio campo. Se os zagueiros ficarem muito atrás, sobram espaços entre eles e os armadores.

Lance de Manchester City 3 x 0 Urawa Red Diamonds - AFP

A marcação mais recuada, com duas linhas de quatro, é a mais eficiente, pois cada defensor tem a proteção de um jogador de meio campo. A desvantagem é ficar muito longe do outro gol quando o time recupera a bola.

Com o desenvolvimento da marcação por pressão, foi necessária a evolução da troca rápida de passes, com toques de primeira, pois há sempre um marcador bastante próximo. Um esquema eficiente e bonito de ver é quando um time foge da marcação por pressão com troca rápida de passes até o gol.

Os jogadores não param de correr. Vão e voltam com muita intensidade. O jogo é uma maratona, mas isso não basta. É preciso unir vitalidade e talento, tratar bem a bola, acariciá-la.

Paulo Henrique Ganso e Marwan Attia na partida Fluminense 2 x 0 Al Ahly - Giuseppe Cacace/AFP

Por causa dessa maratona, jogadores mais cadenciados, mesmo com muita habilidade e criatividade, têm dificuldades de sucesso. Se Ganso tivesse muita mobilidade e força física, seria um craque. Scarpa, pretendido por clubes brasileiros, foi o melhor jogador do Brasileirão. Ele foi para a Europa e não conseguiu jogar. Certamente uma das razões foi a falta de intensidade necessária a um jogador de meio campo, mesmo ele tendo uma excepcional qualidade, a batida forte e de curva na bola, nos cruzamentos e nas finalizações.

O Manchester City é o favorito, mas não será uma zebra se o Fluminense for campeão, pela qualidade individual e coletiva do time brasileiro e porque o City não vive um ótimo momento, por causa de contusões e saída de jogadores.

Se o Flu ganhar, será um título histórico, para ser eternamente comemorado, mesmo sendo uma competição com apenas dois jogos. A conquista será muito boa também para o futebol brasileiro, pois os outros treinadores, provavelmente, passarão a adotar a filosofia de jogo do Flu, de tratar bem a bola, de muita aproximação e troca de passes, sem perder a disciplina tática e a repetição.

Fernando Diniz na partida contra o Al Ahly, na Arábia Saudita - Amr Abdallah Dalsh/Reuters

Fernando Diniz evoluiu e se tornou um técnico criativo e pragmático. Assim são os grandes treinadores, como Carlo Ancelotti e Pep Guardiola.

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