Txai Suruí

Coordenadora da Associação de Defesa Etnoambiental - Kanindé e do Movimento da Juventude Indígena de Rondônia

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Txai Suruí
Descrição de chapéu desmatamento

Apesar das rosas mortas, somos nós a primavera

Votemos para que o agora se transforme e para que o futuro exista

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Estamos a dois dias do primeiro turno de uma das eleições mais importantes para o nosso país; diria a mais importante. Por isso esta coluna é para que você, jovem, reflita sobre a importância do seu voto.

Estamos falando do nosso futuro, visto que a partir da minha geração sofremos com fenômenos climáticos como nunca sofreram nossos pais e avós. Somos também a esperança de dias melhores e de transformações de realidades. É sobre nossas vidas, sobre qual sociedade queremos construir e sobre a qualidade de vida que teremos nessa trajetória.

A nossa responsabilidade é sobretudo com aqueles que morreram durante a pandemia, quase 700 mil, e com todas as famílias que perderam pessoas amadas. É com todos os defensores da floresta que perderam suas vidas, como Dom Phillips, Bruno Pereira, Ari Uru-eu-wau-wau e os mais de dez indígenas assassinados neste último mês em uma escala de violência contra os povos originários. O Brasil é o país mais letal da década para ativistas ambientais.

Sejamos responsáveis pelos 33 milhões de pessoas que passam fome no Brasil, que bateu recordes no índice de pobreza infantil em 2021. Sejamos responsáveis pelas mulheres e crianças yanomamis que estão sendo estupradas por garimpeiros ilegais. Sejamos resistência contra todos os projetos de morte que ameaçam nosso meio ambiente e nossos territórios, que enfrentam os piores índices de desmatamento e ameaças.

Nos últimos anos, a Amazônia queima até estar próxima de um ponto de não retorno. Se permitirmos que a destruição continue avançando, perderemos para as mudanças climáticas e veremos a vida ficar cada vez mais difícil no planeta. Condenaremos a vida de todos, não apenas as nossas.

Votemos pela nossa democracia e contra o fascismo. Votemos para que o passado não se repita, para que o agora se transforme e para que o futuro exista. Que possamos eleger candidatos indígenas, mulheres, trans e do movimento negro. Chegou a nossa hora de representar, não podemos mais esperar.

Uma transformação verdadeira deve passar nossas mãos e ouvir nossas vozes. Votemos por uma saúde de qualidade, pelo meio ambiente, pelo investimento na ciência e na cultura, para dar a todos condições de cursar a universidade, por um país menos desigual e menos racista.

Que a partir desta eleição façamos um pacto de união: povos da floresta, mulheres, jovens, LGBTQI+, população periférica e povo preto. Devemos nos unir e construir uma verdadeira revolução para alcançar o dia de eleger uma mulher indígena ou preta presidente.

Não esqueçam que, apesar das rosas mortas, somos nós a primavera.

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