Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Vaivém das Commodities

Tabela de frete provoca aumento nas importações brasileiras de cereais

Frete do país vizinho compensa a subida do preço por causa do valor do dólar

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Além de trazer desajustes na formação interna de preços, a imposição da tabela de fretes pelo governo está provocando um aumento na importação brasileira de alimentos.

Nos dois últimos meses, o Brasil importou 278 mil toneladas de cereais do Paraguai, um volume 46% superior ao de igual período de 2017.

Este deveria ser um período de queda nas compras externas, principalmente devido à acelerada alta do dólar. O frete do país vizinho, porém, compensa parte dessa importação.

A avaliação é de Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, de Curitiba. "O mercado se reinventa e sempre vai achar uma saída para essas situações impostas", diz ele.

Arroz e milho estão na lista dos importados do país vizinho. No caso do arroz, São Paulo e Minas Gerais se beneficiam mais, uma vez que, além do frete menor, pagam menos imposto na circulação interna das mercadorias.

Dos produtos importados, o arroz é um dos que mais preocupam. As compras dos países vizinhos não deverão impedir uma aceleração dos preços internos já nas próximas semanas, segundo o analista da Brandalizze.

A alta do cereal vai chegar ao bolso dos consumidores e à inflação. A elevação do dólar não dificulta a entrada de arroz do Paraguai, mas facilita as exportações. O cereal brasileiro fica mais atrativo no exterior exatamente quando se inicia a entressafra e a oferta está mais escassa.

Brandalizze prevê exportação de pelo menos 1,2 milhão de toneladas do cereal nesta safra --10% da produção.

O valor atual do dólar permite vendas externas de arroz a R$ 50 por saca nas regiões próximas ao porto de Rio Grande (RS). Esse valor deverá provocar um efeito cascata no estado, cujos preços vão de R$ 43 a R$ 45 atualmente, dependendo da região.

Além disso, a indústria poderá antecipar as compras para o final de ano, prevendo redução na área a ser dedicada ao cereal na próxima safra.

A rentabilidade maior da soja ajuda nessa redução de área, que deverá cair para 1,9 milhão de hectares no país. Se confirmada, "será a menor em muitas décadas", diz ele.

A queda deverá ocorrer também em várias regiões produtoras do Rio Grande Sul, líder nacional na produção do cereal.

A previsão do analista é que os gaúchos semeiem arroz em uma área de 1,05 milhão de hectares e colham 7,5 milhões de toneladas. Na safra anterior, a área foi de 1,1 milhão de hectares, e a produção, de 8 milhões de toneladas.

Açúcar A produção mundial superou em 10 milhões de toneladas o consumo nesta safra 2017/18, que se encerra neste mês. A estimativa é do Rabobank, banco especializado em agronegócio.

Novo superávit  A safra que se inicia no próximo mês, e termina em setembro de 2019, terá novamente uma produção mundial maior do que o consumo. Desta vez, de 4,5 milhões de toneladas.

Opostos O superávit mundial se deve basicamente à produção da Índia, que atingiu 35 milhões de toneladas. O volume compensa a queda de produção no Brasil, que ficará em 28 milhões.

Bem abaixo As exportações de milho, se mantida a tendência até agora, deverão somar 3,2 milhões de toneladas neste mês. Em setembro de 2017, o volume foi de 5,9 milhões, segundo a Secex.

LINK PRESENTE: Gostou desta coluna? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.