Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Brasil importa mais e paga menos por fertilizantes

Apesar da aceleração do dólar, produtor melhora a relação de troca de seus produtos por adubo

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As importações brasileiras de fertilizantes atingiram o recorde de 24,6 milhões de toneladas de janeiro a setembro. O volume representa uma alta de 10% em relação a igual período do ano anterior.

Apesar dessa evolução no volume, os importadores gastaram menos do que em 2019. Conforme dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior), os gastos com as importações brasileiras de fertilizantes somaram US$ 5,8 bilhões nos nove primeiros meses deste ano, 15% menos do que em 2019.

Com o dólar elevado, o cenário para os produtores poderia ser pior, uma vez que a moeda americana é a referência para essas compras. A queda nos preços internacionais do adubo e a manutenção —em alguns casos, até alta— dos valores das commodities favoreceram os produtores brasileiros.

“A queda nos preços internacionais dos fertilizantes foi significativa e praticamente afetou todos os produtos do setor”, diz Carlos Eduardo Florence, diretor-executivo da AMA (Associação dos Misturadores de Adubo do Brasil).

Lavoura de milho no norte do Paraná
Lavoura de milho no norte do Paraná - Mauro Zafalon/Folhapress

Essa conjugação de queda nos preços internacionais e alta das commodities gerou renda aos produtores e permitiu uma relação de troca espetacular, diz Florence.

Fábio Silveira, da MacroSector, aponta, em números, essa vantagem. Segundo ele, em meados do ano passado, os produtores de algumas regiões de Mato Grosso precisavam de 23,3 sacas de soja para a compra de uma tonelada de adubo. No mesmo período deste ano, despendiam apenas 17,2 sacas.

Em outro exemplo, Silveira mostra que, no Paraná, os produtores de milho trocavam uma tonelada de adubo por 55,7 sacas de milho no final do primeiro semestre de 2019. Neste ano, eram 47,7 sacas no mesmo período.

A importação recorde de adubo ocorre porque o país aumenta a área de plantio e espera uma nova safra recorde em 2021, impulsionada por soja e por milho. Além disso, os produtores estão bastante capitalizados.

Este é o período de maior volume de entrega de adubo, pela indústria, para o produtor.

No caso dos agroquímicos, a situação foi inversa. As importações caíram, em média, 4% em volume, mas subiram 5% em dólares. Os gastos com compras externas de janeiro a setembro somaram US$ 2,21 bilhões neste ano.

O grande salto nas importações brasileiras em 2020 ocorre com a soja. Devido às intensas exportações, o país ficou sem estoque e agora recorre ao mercado externo. Nos nove primeiros meses deste ano, o Brasil comprou 528 mil toneladas de soja no exterior, 326% a mais do que em 2019.

As compras continuam. Os dados desta terça-feira (13) da Secex indicam importações médias diárias de 3.669 toneladas neste mês, bem acima das 63 de outubro de 2019.

Assim como ocorre com a soja, o país aumenta as importações de arroz para suprir o mercado interno. Segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), as importações de arroz, com base no produto em casca, atingem 761 mil toneladas neste ano. Em outubro, a média diária dos sete primeiros dias úteis é de 4.559 toneladas para o produto sem casa, 43% mais do que em 2019.

As importações brasileiras totais de alimentos somaram US$ 7,53 bilhões nos nove primeiros meses deste ano, o segundo menor valor nos últimos dez anos. O trigo lidera, com US$ 1,1 bilhão.

*

Recorde no café O Brasil exportou 40,5 milhões de sacas nos últimos 12 meses. Isso graças ao recorde de 3,8 milhões de sacas atingido no mês passado. Os dados são do Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil).

Com qualidade As exportações do chamado café diferenciado, o que tem uma qualidade superior ou algum certificado de prática sustentável, atingiram 5,1 milhões de sacas no ano, 17% de todas as vendas externas do país.

Safra paranaense O Deral (Departamento de Economia Rural) espera uma área de 6,1 milhões de hectares na primeira safra 2020/21 —a de verão. Essa área praticamente repete a do período anterior.

Queda Com o recuo da produtividade para 3.688 quilos por hectare, o órgão estima uma produção de 24,4 milhões de toneladas neste período, 300 mil abaixo do registrado na anterior. Na safra 2019/20, o volume total de grãos no Paraná, incluindo o período de inverno, foi de 40,8 milhões de toneladas.

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