Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Vaivém das Commodities

Safra pequena de laranja reduz ainda mais os estoques de suco

Citricultura tem colheita abaixo de 300 milhões de caixas pelo segundo ano; preços melhoram no setor

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Esta safra de laranja será desafiadora para o setor de citricultura. A produção do cinturão cítrico de São Paulo e do Triângulo Mineiro deverá ser de 294 milhões de caixas de 40,8 kg.

É o segundo ano seguido que a região obtém uma safra pequena. Não é comum, uma vez que o setor intercala uma safra com bienalidade negativa, de baixa produção, com outra de bienalidade positiva, com bons volumes de laranja.

Os dados são do Fundecitrus, que considera uma safra pequena quando ela não atinge 300 milhões de caixas. Esta safra, que foi afetada pelo clima, é um período de bienalidade positiva.

A produtividade média por hectare deverá ser de 850 caixas, bem abaixo das 1.045 de 2019/20, quando o período também foi de bienalidade positiva.

Não há no radar do setor risco de falta de produto, mas a oferta estará bem ajustada e depende do desenrolar do restante da safra.

Esta não é uma safra de primeira florada, que normalmente tem um rendimento industrial melhor. A seca melhora o rendimento da fruta, mas inibe o crescimento. Esse equilíbrio ainda não está claro.

Pelo menos 50 milhões de caixas deverão ir para o mercado interno, restando 244 milhões para processamento. Com um rendimento industrial de 275 caixas de laranja para a produção de uma tonelada de suco, o volume produzido seria de 890 mil toneladas.

Este volume, somado às 270 mil toneladas de estoque que o setor terá em 30 de junho, resultante do final de 2020/21, colocaria à disposição do mercado 1,16 milhão de toneladas de suco na safra 2021/22.

Sendo que a demanda mundial pelo produto brasileiro fica próxima de 1 milhão de toneladas, os estoques finais de 30 de junho de 2022 seriam inferiores a 200 mil toneladas, suficientes apenas para dois meses de consumo.

O desempenho da safra 2022/23, que também será de bienalidade negativa, terá um peso muito grande para o setor.

Bom para os produtores, que terão uma garantia da sustentação dos preços. A caixa de laranja foi negociada, em maio, a R$ 26, com evolução de 25% em relação aos preços de igual período de 2020, conforme dados do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).

As indústrias seguramente também vão colocar o suco no mercado externo com melhor remuneração.

Os custos de produção vão definir essa margem. As indústrias estão bem ajustadas, quando se trata de custos, mas parte dos produtores ainda tem gastos elevados.

De qualquer forma, a citricultura é mais um setor de boas margens, o que já ocorre com as demais commodities produzidas pelo Brasil.

Com dinheiro no bolso, e preços favoráveis, o manejo do produtor será melhor, o que poderá elevar a produtividade da próxima safra de laranja.

O valor de produção do setor de laranja, dentro da porteira, deverá ser de R$ 16 bilhões neste ano, segundo o Ministério da Agricultura. Deste valor, R$ 10,4 bilhões ficam com os paulistas, e outros R$ 627 milhões vão para as mãos dos mineiros.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.