Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Vaivém das Commodities

Não olhar custos na pecuária pode ser suicídio, diz consultor

Setor tem bom faturamento, mas um dos piores momentos de relação de troca dos últimos anos

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

A arroba de boi se mantém acima de R$ 300 no mercado paulista, um valor 56% superior ao de há um ano.

A aceleração dos preços do gado no pasto fez o consumidor paulistano pagar até 33% a mais por alguns cortes de carne bovina em 2020, e a pressão dos preços continua neste ano.

Diante de números tão expressivos, como vão as finanças dos pecuaristas? O faturamento é gordo, mas ele pode estar escondendo sérios prejuízos para os mais desatentos, segundo Luciano Vacari, gestor de agronegócio e diretor da Neo Agro Consultoria.

Dois dos principais indicadores de peso na composição dos custos do setor dispararam, e a relação de troca fica cada vez mais complicada, afirma ele.

Quatro bois brancos sentados em gramado, com árvores ao fundo
Gado em fazenda de Uberaba, em Minas Gerais - Divulgação/Fazenda Ipê Ouro

O valor da arroba, embora ainda elevado, perde muito em relação à evolução do preço do bezerro. Com um boi de 18 arrobas, o pecuarista adquiria apenas 1,79 bezerro no final de maio, o menor patamar das duas últimas décadas, período que engloba a pesquisa da Neo Agro.

O poder de barganha do boi gordo, em relação ao bezerro, teve queda de 10% nos últimos 12 meses, e está bem abaixo dos patamares dos melhores momentos dos últimos anos, quando girou de 2,5 a 3 bezerros.

O milho é outro indicador que passa a preocupar muito o setor. Nos últimos 12 meses, o valor do boi gordo perdeu 25% na relação de troca com o cereal. Com uma arroba de carne bovina, o pecuarista adquire 3 sacas de milho, a pior relação de troca desde 2007. A média histórica é de 3,72 sacas.

Vacari diz que, em 2007, o boi estava desvalorizado, e o produtor, sem renda, tinha dificuldades para adquirir os insumos. Agora, o boi está valorizado, mas o custo de produção já compromete a renda do pecuarista.

“O produtor não pode se empolgar apenas com o faturamento. Está elevado e é bom, mas quem não levar as contas na ponta do lápis vai ter prejuízo.”

Quem não fizer isso, principalmente no confinamento, vai correr um risco gigantesco, afirma ele. Diante desses custos, são necessárias, mais do que nunca, ferramentas de proteção de preços, segundo o gestor.
“Entrar em um confinamento sem custos definidos e sem proteção de preços será suicídio. O que o produtor não pode é ficar anestesiado com o bom faturamento.”


Boi gordo A arroba voltou a subir nesta terça-feira (8). Foi a R$ 316,7, com alta de 2,6%, em relação à cotação do dia anterior. Os dados são do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).

Milho A saca do cereal permanece em patamares elevados, aumentando os custos de produção do setor animal. Nesta terça-feira, esteve a R$ 96,6, com alta de 103%, em relação ao valor de igual período do ano passado. Os dados são do Cepea.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.