Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Para produtor rural, Bolsonaro quer confronto e Supremo caiu nessa queda de braço

Há 40 anos no setor agropecuário, Pedro de Camargo Neto diz que o país vive um baixo nível em todos os Poderes

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São Paulo

O Brasil passa por uma polarização nunca vista antes, e os exageros estão deixando o país em uma situação muito delicada.

Esse momento de confronto é exatamente o que quer o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que vê cada vez mais dificuldades nas eleições de 2022.

Já o Supremo Tribunal Federal participa desse cenário ajudando a polarizar ainda mais. O Judiciário entrou na seara da turma de Bolsonaro, incentivando seus seguidores naquilo que eles mais sabem fazer: o confronto via mídia digital.

Pedro de Camargo Neto durante a terceira edição do Fórum Agronegócio Sustentável - Reinaldo Canato - 26.ago.2019/Folhapress

Essa é a avaliação de Pedro de Camargo Neto, produtor rural há 40 anos, ex-líder de várias associações rurais e ex-secretário de Política Agrícola no governo de Fernando Henrique Cardoso.

“Estamos vivendo um baixo nível em todos os Poderes”, afirma ele. O Supremo entrou em uma queda de braço com Bolsonaro, e o presidente da Câmara, Arthur Lira, aprova um pacote recorde de R$ 5,7 bilhões para o fundo eleitoral. “Algumas atitudes são difíceis de serem levadas a sério”, diz.

Alexandre de Moraes não tinha de ter comprado briga com o cantor Sérgio Reis e Antonio Galvan, presidente da Aprosoja Brasil. Com Roberto Jefferson sim, porque ele extrapolou. Como presidente de um partido, não poderia, e ainda armado, fazer as ameaças ao Supremo, diz Camargo.

“A discussão tem de subir de patamar, e não sei como vamos conseguir segurar isso. Talvez com a participação dos governadores”, afirma o produtor rural.

Bolsonaro abriu as portas para a parcela mais reacionária do agronegócio. Eles existiam antes, mas eram mais discretos, diz. Essas parcelas mais radicais, no entanto, não representam o agronegócio, que é uma cadeia como um todo, afirma ele.

Camargo diz que é importante a participação, neste momento, das instituições representativas do setor. Elas têm de discutir internamente e assumir uma posição pública. “Não podemos cair na política partidária.”

Na avaliação dele, o produtor está perdendo a voz, sendo visto como atrasado e ficando mal representado nas discussões sobre o que é certo ou errado no setor.

Galvan representa um sojicultor que é trabalhador e que deu muito certo, mas tem uma visão limitada sobre vários temas, afirma. “E a representatividade dele acaba sendo valorizada ainda mais devido à ação do ministro Moraes”.

O momento é muito grave porque uma parte da população, ingênua, está sendo liderada equivocadamente. E isso não é só no campo, mas em todo o país. “Nunca vi uma polarização tão grande”, diz ele.

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