Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Vaivém das Commodities
Descrição de chapéu inflação indústria

Más notícias para o consumidor: o estoque de alimentos cai no Brasil e no exterior

Internamente, arroz e milho têm menor volume em uma década; nos EUA, o recuo no ano é de 17% e de 7%, respectivamente

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A produção de alimentos, tanto internamente como no resto do mundo, deverá ser um problema para os consumidores. É o que mostram dados divulgados nesta quinta-feira (12).

As informações não indicam uma interrupção forte da produção, mas apontam para uma possibilidade de manutenção dos preços atuais, que estão elevados em relação aos patamares dos anos recentes.

Internamente, Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) e IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram os primeiros sinais de um clima adverso nesta safra 2022/23, principalmente no Rio Grande do Sul.

No mercado internacional, o Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) aponta para uma desaceleração nas safras mundiais de vários produtos.

A produção brasileira dos dois principais itens, soja e milho, mesmo com as quebras anunciadas, serão recordes. A preocupação fica com os estoques de alimentos, que estão nos menores patamares da última década.

Cliente escolhe produtos em feira livre na zona sul do Rio de Janeiro - Eduardo Anizelli - 19.abr.22/Folhapress

O milho deverá terminar a safra 2022/23 com estoques inferiores a 5 milhões de toneladas, o menor volume desde 2011/12. O país consome 6,7 milhões de toneladas por mês.

Os preços do primeiro semestre, que já estão subindo, deverão manter uma pressão de alta até que venha a safrinha. Tanto a demanda interna como as exportações estão aquecidas. A produção nacional deverá atingir 125 milhões de toneladas, informa a Conab.

Para o Usda, a safra mundial de milho recua para 1,16 bilhão de toneladas, 4,9% a menos do que a anterior. A produção de sorgo, substituto do milho em algumas áreas, terá quebra de 5,4%.

A safra nacional de arroz volta a registrar desaceleração, devido à área menor de plantio, e fica em 10,4 milhões de toneladas. Exportações aceleradas afetam os estoques finais, que recuam para 1,73 milhão de toneladas, o menor em nove anos.

Nos Estados Unidos, o Usda informou nesta quinta-feira que a produção mundial do cereal cai para 503 milhões de toneladas, 2,3% a menos. A demanda externa pelo arroz vai continuar.

Os estoques nacionais de trigo, após safra recorde de 2022, melhoraram, mas são inferiores à média dos anos anteriores. As exportações recordes reduziram a oferta interna do cereal.

A soja, que já começa a ser colhida, terá produção de 152,7 milhões de toneladas no Brasil, abaixo das previsões iniciais, devido a problemas climáticos no Rio Grande do Sul. Mesmo com a queda, a safra será recorde.

A produção mundial de soja, com a ajuda do Brasil, sobe para 388 milhões de toneladas, 8,35% acima da anterior, segundo o Usda. O aumento da oferta de soja compensa a quebra de 10,9% na produção mundial de girassol.

No caso do feijão, a safra brasileira volta a registrar as mesmas incertezas dos anos anteriores. Área menor de plantio, rentabilidade maior de outros grãos, queda na produtividade e clima desfavorável mantêm a produção abaixo dos 3 milhões de toneladas.

Com isso, os estoques finais da leguminosa ficam próximos de 250 mil toneladas na safra 2022/23. O consumo mensal é de 238 mil toneladas.

A queda dos volumes não ocorre apenas no Brasil, mas também nos Estados Unidos. Os dois estão entre os principais fornecedores de grãos para o mundo.

Nesta quinta-feira, o Usda mostrou que os estoques de milho e de trigo nos Estados Unidos recuaram 7%, quando comparados dezembro de 2022 com o mesmo mês de 2021. Os de arroz caíram 17%; os de soja, 4%; e os de sorgo, 45%.

O IBGE traz más notícias também para os consumidores de batata, banana e mandioca. Os indicativos de dezembro apontaram produção menor do que a esperada em novembro. Por ora, porém, o recuo é pequeno.

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