Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Em ano de safra recorde, o destaque é a produtividade

Bahia lidera rendimento em soja, trigo e algodão; Alagoas, em arroz irrigado

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A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) divulgou nesta quarta-feira (6) a última estimativa da safra de grãos 2022/23. Nos próximos meses, a prioridade passa a ser a safra 2023/24, mas ainda poderão ser feitos pequenos ajustes nos dados referentes a este ano, principalmente porque a safra de trigo ainda está em andamento.

Os números indicam uma área de 78,3 milhões de hectares, com crescimento de 5,3%, e uma produção recorde de 323 milhões de toneladas, 18,4% superior ao volume do período anterior. O destaque fica para a produtividade.

Colheita de milho no norte do Paraná
Colheita de milho da safra de inverno no norte do Paraná - Mauro Zafalon/Folhapress

Sem grandes efeitos de crise climática, como o ocorrido com o milho safrinha em 2021 e com a soja em 2022, a produtividade média nacional teve evolução de 13,5% neste ano. Em uma safra em que a utilização de tecnologia foi colocada em dúvida, devido ao elevado custo dos insumos, a produtividade aumentou em praticamente todos os produtos. A exceção fica para o trigo, cuja produção recorde de 2022 havia encontrado um clima extremamente favorável para a evolução da produtividade.

O saldo final da safra brasileira deste ano mostra algumas surpresas. A produção avança para novas fronteiras, mas as áreas já são incorporadas com um bom avanço da produtividade. Com isso, Nordeste e Norte se destacam.

Mato Grosso é o líder nacional em volume produzido de soja, mas a Bahia lidera em produtividade, atingindo 4.020 quilos por hectare. Enquanto a produtividade média brasileira foi de 3.508 kg, a do Acre subiu 14%, para 3.808 kg.

Os baianos também foram mais eficientes no trigo, com uma produtividade média de 5.700 quilos por hectare. A safra é pequena, mas mostra o potencial da produção irrigada do cereal no estado. Rio Grande do Sul e Paraná, líderes nacionais, obtiveram rendimento médio de 3,1 toneladas por hectare.

A produção de milho também mostra surpresas. Mato Grosso do Sul desbancou o Paraná e obteve 10,8 mil kg do cereal na primeira safra. Maranhão e Tocantins, com 5,1 e 6,3 toneladas por hectare, também foram destaques.

Na segunda safra, Mato Grosso tem a liderança nacional em produtividade, ao somar 6,9 toneladas por hectare, mas Rondônia, Maranhão, Sergipe e Roraima já superam 5 toneladas, enquanto Piauí e Acre caminham para esse volume.

No arroz, os três estados do Sul têm produtividade média de 8,1 toneladas por hectare, mas é Alagoas que lidera a produção média nacional, com 8,6 toneladas. Sergipe obtém 7,8, e Roraima, 7,6.

Os produtores baianos detêm também a maior produtividade no algodão, produzindo 1.961 kg de pluma por hectare. A média nacional é de 1.893.

A Conab voltou a elevar o volume projetado da produção de grãos nesta quarta-feira. Agora, o órgão governamental estima 323 milhões de toneladas porque o milho está surpreendendo nesta reta final de colheita.

A safrinha, que já tem 89% da área colhida, deverá render 102 milhões de toneladas, elevando o total das três safras deste ano para 132 milhões. Milho e soja representam 89% de toda a produção nacional de grãos. O maior volume vem da soja, que soma 155 milhões de toneladas.

A produção de arroz recua para 10 milhões de toneladas, um volume abaixo do necessário para o consumo interno. A produção de trigo, prevista em 10,8 milhões de toneladas, supera a de arroz, mas apenas 12% da área cultivada já foi colhida. O clima ainda pode influenciar, uma vez que 32% das lavouras estão em estágio vegetativo.

Carne de frango As exportações de janeiro a agosto deste ano somaram 3,5 milhões de toneladas, com aumento de 7,4% em relação às de igual período do ano passado.


Carne de frango 2 As receitas, no entanto, devido à retração dos preços internacionais subiram apenas 4,8%, atingindo US$ 6,9 bilhões. Os dados são da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal).

Açúcar A inflação atingiu 7,4% em julho na Índia, acima da meta de 4%. Diante dessa pressão inflacionária, o mercado vê uma possibilidade de o governo indiano brecar as exportações. A Índia tem grande peso na produção e no consumo mundiais do produto.


Açúcar 2 Analistas da consultoria HedgePoint Global Market, no entanto, destacam que o produto não é o responsável pela taxa de inflação. Os impulsionadores são vegetais e especiarias, que subiram 37,3% e 21,6%, respectivamente. Açúcar e produtos de confeitaria tiveram alta de 3,7%.

Adubo As importações de janeiro a agosto somaram 24,7 milhões de toneladas, 9% abaixo das do ano passado. No período, devido à queda dos preços, os gastos foram de US$ 9,6 bilhões, 48% a menos do que de janeiro a agosto de 2022, segundo a Secex (Secretaria de Comércio Exterior).

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