Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Concorrência do Brasil afeta balança do agronegócio dos EUA

Enquanto as exportações dos americanos caem, as dos brasileiros aumentam

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A aceleração brasileira na produção de grãos e de proteínas afeta a balança comercial do agronegócio dos americanos. Há três anos o Brasil entrava no patamar anual de US$ 100 bilhões de receitas com exportações do setor. Neste ano, deverá atingir US$ 162 bilhões.

Os Estados Unidos, que vinham se recuperando da política de isolamento do governo de Donald Trump, atingiram US$ 196 bilhões no ano passado, mas devem fechar o ano fiscal de 2023 (outubro a setembro) em US$ 178 bilhões, e o de 2024 em US$ 172 bilhões. A diferença para o Brasil encurtou muito.

Para o Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), responsável pelas informações, o avanço do Brasil no volume produzido e a retração da China vêm provocando a desaceleração das exportações do país.

Além de maior demanda interna, os americanos não têm registrado aumentos na produção de grãos. A safra de soja de 2021/22 ficou em 122 milhões de toneladas, volume que recuou para 116 milhões na seguinte e deverá repetir o mesmo patamar na 2023/24.

Plantação de soja em fazenda em Nebraska (EUA) - Mauro Zafalon/Folhapress

O Brasil, ao contrário, vem obtendo safra recorde de soja. Neste ano, foram 155 milhões de toneladas. Com isso, o potencial de exportações dos americanos diminuiu e o dos brasileiros cresceu. De janeiro a agosto, as exportações brasileiras já somam 81 milhões de toneladas, 22% a mais do que em 2022.

A safra de milho dos EUA recuou para 349 milhões de toneladas em 2022/23. Deve voltar ao normal nesta safra, mas abriu brecha para o Brasil exportar acima de 50 milhões de toneladas neste ano e assumir a liderança mundial na comercialização do cereal.

Na Bloomberg, Brasil passa EUA na exportação de milho
Notícia na Bloomberg sobre a exportação de milho dos EUA - Reprodução/Bloomberg

As proteínas dos americanos também perdem terreno. As receitas com a carne bovina vão recuar de US$ 10,8 bilhões, em 2022, para US$ 8,5 bilhões no ano fiscal de 2023/24. Já as de frangos não ganham espaço e se mantêm em US$ 4 bilhões.

A China também é um dos motivos da redução das exportações dos Estados Unidos. Segundo o Usda, essa retração ocorre devido à economia mais fraca do país asiático e à demanda menor por alimentos destinados a animais.

Somam-se a isso a retração dos preços internacionais, a concorrência maior do Brasil e a produção estável de grãos nos Estados Unidos.

No ano fiscal anterior, as exportações americanas para os chineses renderam US$ 36,2 bilhões. Caíram para US$ 33 bilhões neste e devem somar US$ 30 bilhões no próximo.

Os Estados Unidos perdem espaço também em vários outros mercados asiáticos, como Japão, Coreia do Sul, Indonésia, Vietnã e Filipinas, países que deverão gastar menos nas compras de produtos americanos, segundo o Usda.


Em queda As receitas agrícolas brasileiras de 2023 vão recuar para R$ 939 bilhões neste ano, 5% a menos do que no ano anterior. Café tem a principal queda e milho a maior alta.

Em queda 2 Os dados são da consultoria MacroSector, que prevê R$ 393 bilhões para a soja e R$ 138 bilhões para o milho. As quedas são de 2,5% e de 14%, respectivamente, em relação a 2022.

Em queda 3 A redução dos preços internacionais faz com que a receita com café caia para R$ 48 bilhões neste ano, 16% a menos do que em 2022. Já com a laranja elas vão para R$ 54 bilhões, uma alta de 15%, segundo a consultoria.

Menos emissão Corredores dutoviários que integram o sistema de distribuição de etanol estão auxiliando a BP Bunge Bioenergia a reduzir a emissão de gases de efeito estufa em processos relacionados à sua produção.

Menos emissão 2 Segundo a empresa, devido a uma parceria com a Logum Logística S.A., 1.500 toneladas de CO2 deixaram de ser emitidas em 2022, o equivalente a 827 hectares de área de reflorestamento.

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