Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Vaivém das Commodities
Descrição de chapéu Chuvas no Sul

Além do estrago no campo, RS sofre com gargalos logísticos para exportação

Interrupções de estradas impedem fluxo da produção para o mercado externo

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Além dos estragos no campo e na agroindústria, o Rio Grande do Sul vive um gargalo nas exportações do agronegócio, um setor que traz muitas divisas de fora para o estado.

Nos quatro primeiros meses deste ano, saíram pelo porto de Rio Grande 6,4 milhões de toneladas de produtos do agro, incluindo grãos, carnes, celulose e madeira.

Esses produtos irrigaram a economia gaúcha com US$ 3,1 bilhões. As interrupções de estradas, no entanto, impedem o fluxo normal do escoamento dessas mercadorias para o mercado externo.

"A movimentação estava em processo de recuperação em relação à queda de 2022, ocasionada pela estiagem. Agora se encontra ameaçada pelo excesso de chuva", afirma Elisangela Pereira Lopes, assessora técnica da Comissão Nacional de Infraestrutura e Logística da CNA.

Ricardo Santin, presidente da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), diz que, "com dificuldades e gargalos, a produção e as exportações estão sendo retomadas".

Caminhão em via inundada em Porto Alegre - Adriano Machado/Reuters

A ração está chegando ao campo para os animais, e a agroindústria, aos poucos, retoma as atividades.

Sem risco de desabastecimento, e com a volta da produção, as exportações também foram retomadas, mas com uma logística ainda bem complicada, segundo Santin.

Apenas 7% das exportações de proteínas saem pelo porto de Rio Grande, com a maior parte da mercadoria sendo escoada por Santa Catarina.

A assessora da CNA destaca que a infraestrutura agrícola sofreu danos consideráveis, principalmente devido às estradas bloqueadas, o que dificulta em muito a chegada de produtos ao terminal.

Com uma agropecuária diversificada, os gaúchos são importantes nas exportações brasileiras. O trigo é um dos destaques. Próximo do período de plantio, o cereal não foi afetado pelas enchentes, mas há dificuldades para o escoamento. De janeiro a abril, o estado exportou 2,1 milhões de toneladas, com receitas de US$ 437 milhões.

O Rio Grande do Sul disputa com o Paraná a liderança na produção nacional. Os efeitos climáticos estão entre os componentes que determinam quem assume essa liderança ano a ano.

O complexo soja (grãos, farelo e óleo) também tem sua relevância no estado. Neste ano, as exportações somam 1,9 milhão de toneladas, com receitas de US$ 860 milhões. A produção de soja se recuperava neste ano, após forte queda nas safras recentes devido a condições climáticas adversas.

Em 2023, foram colhidos 13 milhões de toneladas. Neste ano, mesmo com as enchentes, a produção deverá ficar próxima de 19 milhões. As estimativas iniciais eram de 22 milhões de toneladas.

Por ter um bom volume de soja industrializada, os gaúchos exportaram 982 mil toneladas de farelo até abril, com rendimento de US$ 426 milhões. Ao contrário da média do Brasil, o volume de vendas de farelo de soja supera o de soja em grão no Rio Grande do Sul.

O estado é relevante também nas carnes, e a produção e a industrialização estão espalhadas pelo estado. As exportações das próximas semanas enfrentarão os gargalos da locomoção. Nos quatro primeiros meses deste ano, ainda sem os efeitos da catástrofe climática, o estado exportou 239 mil toneladas de carne de frango e 83 mil de suína. Os gaúchos ocupam a segunda posição nacional nas exportações de carne suína e a terceira na de frango.

As vendas externas de carnes do estado, incluindo a bovina, atingiram 327 mil toneladas no ano, com receitas de US$ 605 milhões. As exportações de arroz, cereal que está mais em evidência no momento devido à importância na alimentação diária do consumidor brasileiro, atingiram 273 mil toneladas no ano. Destas, 30 mil foram de produto em casca, segundo dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior).

Os gaúchos têm boa participação no agronegócio brasileiro também nos setores de fumo, celulose e madeira. As exportações desses produtos movimentaram 1,58 milhão de toneladas de janeiro a abril, com receitas de US$ 1,2 bilhão.

Só o tabaco e seus derivados renderam US$ 680 milhões nos quatro primeiros meses do ano, volume financeiro superior ao de igual período do ano passado, segundo a Secex.

O volume colhido de alguns produtos vai ser menor do que o previsto anteriormente, por causa das enchentes, mas os estragos na infraestrutura logística continuarão afetando as exportações por um tempo.

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