Vaivém das Commodities

A coluna é assinada pelo jornalista Mauro Zafalon, formado em jornalismo e ciências sociais, com MBA em derivativos na USP.

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Algodão aposta em máquinas e insumos para elevar produtividade

Em cenário de competição maior, produtor precisa buscar mais eficiência no setor

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A reunião de produtores, técnicos e analistas no Congresso Brasileiro de Algodão, em Fortaleza (CE), chegou ao consenso de que, diante da forte concorrência com outras fibras e da menor demanda provocada por essa competição, o setor tem de buscar eficiência, produtividade e redução de custos.

Isso ocorre em um momento em que, cada vez mais, o mundo exige comprovação de sustentabilidade dos produtos vindos do campo. Qual o papel das máquinas agrícolas e das provedoras de insumos?

Máquina colheitadeira faz a colheita de algodão na Fazenda Pamplona, na zona rural de Cristalina (GO) - Pedro Ladeira/Folhapress

Um dos principais pontos na visão de Horácio Meza, diretor de vendas da John Deere Brasil, passa pela pulverização. Além de redução de custos, a boa aplicação do agroquímico garante maior sustentabilidade.

Essa é uma etapa extremamente crítica e de atenção das empresas. Os pulverizadores saídos de fábrica da John Deere deverão vir com um sistema de pulverização com mais de 30 câmeras na extensão da barra da máquina.

Com isso, o sistema identifica o estado de cada planta e verifica se existe realmente a necessidade da aplicação do agroquímico.

A captura dessas imagens equivale a 6.000 olhos humanos olhando para as plantas para capturar essa imagem. Para as máquinas que já estão operando, a empresa fornece um kit com esse sistema.

A imagem é capturada e processada no pulverizador, que tem a capacidade de processamento equivalente a 1.500 computadores.

Com base em um banco de dados de 150 mil fotos já armazenadas, o sistema toma a decisão sobre pulverizar ou não.

Testes indicaram que a aplicação dessa tecnologia pode reduzir para apenas um terço o volume de produto que está sendo aplicado, segundo Meza.

No cultivo de algodão, uma redução de produto aplicado nas lavouras é importante. Dependendo do ano, do clima, da incidência de pragas e de doenças, o número de pulverizações tem uma média de 20 durante a safra.

Rafael Antonio Costa, diretor comercial da Fendt, diz que um ponto básico para os produtores é o plantio. O plantio direto é sustentável e um excelente sistema adotado pelo Brasil, mas também é desafiador.

A máquina precisa entregar eficiência e qualidade, e isso, no final, reflete em produtividade e em ganho para o produtor. "Temos uma máquina desenvolvida por engenheiros agrônomos, que consideram os pontos que afetam a produtividade durante o plantio."

Segundo Costa, as máquinas fazem múltiplas leituras por segundo e conseguem controlar a pressão que a plantadeira faz no solo.

Estudos da empresa apontaram que pelo menos 30% do potencial produtivo da semente na estufa é "roubado" na hora do plantio. "O potencial produtivo acaba sendo reduzido por fatores climáticos, irrigação e fertilidade, mas uma boa parte da queda é por causa do plantio", diz Costa.

Para Warley Adriano Palota, gerente sênior de marketing da Basf, o jargão "produzir mais com menos" nunca se tornou tão necessário como nesses dias. Segundo ele, as sementes, uma das especialidades da empresa, vêm muito nessa linha.

Na área de algodão, Palota destaca a necessidade de uma semente com variedades resistentes a nematoides, um desafio constante para o produtor.

Para um período de seca cada vez mais constante, a empresa tem direcionado trabalhos para regiões de maior desafio, em termos climáticos, e feitos mais estudos nessas regiões para identificar variedades que têm um perfil mais tolerante.

Para ele, uma característica agronômica que ajuda muito nisso é a questão da raiz. "Uma planta que tem um desenvolvimento radicular mais profundo, consegue extrair mais, penetrar o solo e explorar uma quantidade maior de água".

Para Geraldo Berger, líder da Bayer em assuntos regulatórios para a América Latina, "a cultura de algodão é complexa, uma vez que tem uma dinâmica de pragas e de doenças muito maior do que nas outras culturas". Por isso, o produtor tem de ser bastante tecnificado para garantir uma produção eficiente e buscar a maior produtividade possível dentro desse contexto.

A principal praga do algodão é o bicudo, mas ainda não há uma solução efetiva contra ele. É preciso, portanto, garantir que o produtor tenha tranquilidade em outras coisas, como controle de lagartas, que sempre foi um problema histórico no setor. "O combate a essas pragas permite ao produtor fazer um plantio bem feito e garantir um controle efetivo do bicudo ao longo de toda a safra", diz Berger.

Tudo isso combinado com o melhoramento genético, que traz maior potencial de produtividade, com a qualidade da fibra e com as novas variedades permitem ao algodão brasileiro chegar mais ao mercado internacional, afirma o representante da Bayer.


O jornalista viajou a convite da Abrapa (Associação Brasileira dos Produtores de Algodão)

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