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Datafolha: Boulos e Nunes veem perda de tração de Marçal, que celebra consolidação

Campanha do PSOL cita tempo de TV como favorável ao prefeito, que fala em derrotar 'extrema esquerda'

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São Paulo

As campanhas de Guilherme Boulos (PSOL) e Ricardo Nunes (MDB) demonstraram alívio momentâneo com a pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira (5) e viram sinal de desaceleração de Pablo Marçal (PRTB). Os três estão tecnicamente empatados em primeiro, com 23%, 22% e 22%, respectivamente.

Um dado apontado nos bastidores é que o influenciador, que na pesquisa anterior tinha crescido 7 pontos num intervalo de duas semanas, chegando a 21%, desta vez oscilou apenas 1 ponto para cima em período semelhante. Já a equipe do candidato do PRTB destacou o que avalia como consolidação dele.

Os candidatos à Prefeitura de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL), Pablo Marçal (PRTB), Ricardo Nunes (MDB), Tabata Amaral (PSB) e José Luiz Datena (PSDB) - Fotos Bruno Santos/Folhapress

Nota divulgada pela candidatura do PSOL destacou sua permanência na liderança "apesar dos inúmeros ataques e mentiras difundidas pelos adversários bolsonaristas" e citou a variação de 2 pontos para cima na pesquisa espontânea, chegando a 19% —oscilação igual à obtida por Marçal (15%).

A campanha do candidato de Lula (PT) também minimizou a oscilação positiva de 3 pontos de Nunes na estimulada, atribuindo o movimento ao extenso tempo de propaganda de TV que o prefeito possui. Ainda na nota, disse que o voto em Nunes tem "baixa consolidação", com base na espontânea (10%).

Durante caminhada na zona leste, Boulos comentou a pesquisa em seu discurso e disse que "continua liderando". Aos gritos de "segue o líder", afirmou que "o que vale é a vontade do povo", não "conversinha de internet", e que continuará apostando em campanha de rua e "olho no olho". A associação a Lula seguirá como meta para atrair sobretudo os eleitores mais pobres e assegurar a ida ao segundo turno.

A rejeição também foi observada pelos rivais como termômetro sobre Marçal, que bateu a marca de 38% de eleitores que não votariam nele de jeito nenhum (eram 34%). Com isso, o influenciador encabeça o ranking de aversão. Boulos, antes o recordista nesse quesito, manteve os 37% da rodada anterior.

Ao lado do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), após uma visita a obras do metrô na zona leste, Nunes ressaltou os dados sobre as simulações de segundo turno, que apontam vitória dele tanto sobre Boulos quanto sobre Marçal.

"Em todos os cenários, eu ganho com tranquilidade da extrema esquerda. Serei eu o candidato que vai ganhar as eleições, conforme todas as pesquisas têm demonstrado", disse, redobrando a aposta em Boulos como adversário.

Nunes afirmou que a propaganda eleitoral, que ele domina com 65% do tempo, pode ter ajudado, mas só porque ele "tem algo real para mostrar".

O prefeito comemorou ainda a liderança entre a população periférica, que ele disse ter um voto de reconhecimento e mais fiel. "Reconhecimento do trabalho de quem teve melhorias no seu bairro e na sua comunidade, quem vive da vida real, não vive de rede social", alfinetou, em alusão a Marçal.

Tarcísio, por sua vez, disse que Nunes tem crescido em todas as pesquisas e garantiu que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), com quem esteve nesta quarta-feira (4) em Brasília, vai entrar na campanha do emedebista. O governador tem tentado frear o crescimento de Marçal entre os bolsonaristas.

"[Nunes] é o único candidato que de fato derrota a esquerda no segundo turno. Todo mundo vai perceber que tem um candidato que vence a esquerda, e a gente não precisa tomar risco", disse Tarcísio.

Um dos coordenadores da campanha do PRTB, Wilson Pedroso afirmou que a pesquisa demonstra que "a consolidação de Marçal é forte, e ele continua crescendo". O influenciador e autodenominado ex-coach está em viagem a El Salvador para o que ele chama de "internacionalização da campanha".

A campanha de Marçal também disse, em nota atribuída a Pedroso, que "o povo de São Paulo" confia na capacidade dele de "derrotar a esquerda e construir uma cidade melhor". Afirmou ainda que a tese do voto útil, segundo a qual é mais viável Nunes enfrentar Boulos no segundo turno para evitar uma vitória da esquerda, "não se sustenta".

Como mostrou a coluna Painel, da Folha, a campanha do PRTB comemorou que 70% dos eleitores do influenciador estão totalmente decididos a votar nele, contra 52% dos que declaram apoio a Nunes.

Nos bastidores, a equipe de Marçal avalia que o crescimento dele sobre Boulos no segundo turno é apenas uma questão de tempo, o que fará Nunes perder o argumento do voto útil contra a esquerda.

O entorno do autodenominado ex-coach avalia ainda que a pesquisa traz más notícias para Nunes, que segue distante da perspectiva de vitória.

Tabata Amaral (PSB), que oscilou positivamente de 8% para 9%, passando numericamente à frente de José Luiz Datena (PSDB), com 7%, exaltou a elevação de seu nível de conhecimento, que foi de 61% da população para 67%. O cálculo é que, com isso, a intenção de voto crescerá paulatinamente.

Para Orlando Faria, coordenador político da campanha, o Datafolha é "a consolidação de que a candidatura da Tabata tem as melhores estratégias e propostas". "Com o início da campanha, a gente está conseguindo chegar ao eleitorado, e isso está se refletindo nas pesquisas", afirmou.

Com o segundo refluxo seguido de seu nome no Datafolha, Datena reagiu em tom incrédulo ao novo levantamento. "De novo, teve um recuo?", indagou o tucano ao ser questionado em um compromisso de campanha na avenida Paulista.

A caminhada pela avenida se estendeu por poucos metros e logo Datena deixou o local. "Acho que a pesquisa de boca de urna é a mais importante. Até lá vamos continuar fazendo o nosso trabalho para ver se recuperamos os pontos perdidos", declarou.

Havia uma grande expectativa em sua equipe de massificar a candidatura com o início do horário eleitoral, embora o tucano desfrute de apenas 35 segundos. Um dos aspectos que preocupa é o tropeço na pesquisa espontânea: os novos dados mostram que ele saiu de 2% para 1%.

"Continuo fazendo a campanha dentro da mais pura honestidade, tem muito a ver com recurso [financeiro] e tempo do horário eleitoral. Só que as pesquisas, por mais bem-intencionadas que sejam, não chegam a pegar as periferias da cidade, onde eu sou mais forte e tenho mais votos", afirmou o apresentador.

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