Desempenhos profissionais não são sempre iguais, mas alguns ao longo do tempo variam em torno de uma média. O time que sofre uma sequência de fracassos muito abaixo da sua trajetória tende a se recuperar à frente.
No momento de baixa a equipe muda de treinador, e a performance melhora. Por causa da substituição ou porque iria se recuperar de todo jeito?
E se a troca de técnicos, e de profissionais no mercado de trabalho, for parte de um balé de experimentações para que o indivíduo encontre o ambiente em que se dá melhor? Nesse caso, as mudanças terão sido úteis e beneficiarão toda a sociedade.
Essa indagação notabilizou o economista Robert A. Miller. Ele mostrou que faz sentido os jovens pularem de galho em galho no início da trajetória profissional à busca do melhor encaixe. A rota recomendada é tentar primeiro voos de maior risco, aprendizado e benefício —mirar um Messi ou um Steve Jobs— para depois acomodar-se alhures.
Em "Range" (amplitude), um dos bons livros de 2019, o repórter David Epstein acessa o trabalho de Miller e os de outros pesquisadores para tentar nos convencer de que não vale a pena apostar na superespecialização no mundo de hoje. Se ela for precoce, tanto pior.
É melhor deixar o horizonte aberto para as degustações, e os indivíduos preparados para lidar com problemas novos e complexos, argumenta, até porque as tarefas repetitivas de escopo restrito serão rapidamente automatizadas.
O que parece mais frutífero para o grupo de cientistas selecionado por Epstein, como a psicóloga Dedre Gentner, é a capacidade de raciocinar por categorias e analogias e de identificar estruturas semelhantes em campos distintos.
O aprendizado que rende o menor resultado em curto prazo, porque não nos deixa bem preparados para a prova bimestral de matemática, pode ser aquele que mais nos beneficiará com o passar dos anos.
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