Descrição de chapéu fortaleza violência

Ataques a tiros deixam sete mortos e sete feridos no centro de Fortaleza

Homens armados atiraram em vítimas em dois pontos da capital cearense

Vários bairros de Fortaleza com pichações nos muros de alerta a motos para retirarem capacete, pra se identificarem. - Jarbas Oliveira/Folhapress
São Paulo e Curitiba

Sete pessoas morreram e ao menos outras sete ficaram feridas em ataques de grupos armados na noite desta sexta-feira (9) em Fortaleza, no Ceará. Os ataques ocorreram na região do bairro Benfica, próxima ao centro da cidade, por volta das 23h30. 

Três pessoas foram assassinadas na Praça da Gentilândia, ponto de encontro de jovens estudantes que frequentam a Universidade Federal do Ceará. Os bares e lanchonetes do local estavam lotados no momento em que homens armados chegaram em um carro e atiraram em direção a um grupo. 

Minutos depois, uma vítima foi morta na Vila Demétrio, nas proximidades da sede da Torcida Uniformizada do Fortaleza. Criminosos em outro veículo atiraram contra uma roda de jovens que bebiam no local. Na fuga, atingiram também em duas pessoas que usavam uniforme de torcida organizada, matando uma. 

Quatro vítimas baleadas nas ocorrências foram levadas para o IJF (Instituto Doutor José Frota), em Fortaleza. Duas morreram e duas continuavam em atendimento no hospital. 

A SSPDS (Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social) informa que as polícias Civil e Militar fazem diligências em busca dos suspeitos. A DHPP (Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa) da Polícia Civil apura se os três casos estão relacionados.

Em coletiva à imprensa na tarde deste sábado (10), o secretário de Segurança André Costa afirmou que a investigação trabalha com a hipótese de que a primeira ocorrência tenha sido motivada por conflito entre criminosos, com disparos direcionados. Segundo ele, pessoas que estavam na Gentilândia relataram que as vítimas vendiam drogas no local. Na pochete de uma delas foram encontradas pedras de crack e maconha.

A segunda ocorrência, ainda de acordo com o secretário, pode ter sido motivada por briga entre torcidas rivais. Os disparos teriam sido aleatórios.

Vídeos e fotos que circulam nas redes sociais mostram um cenário de guerra na Praça da Gentilândia, com corpos ensanguentados em meio a garrafas e copos quebrados, mesas e cadeiras derrubadas durante a correria no momento em que os tiros começaram. Os vídeos também mostram os frequentadores do local tentando socorrer as pessoas feridas. 

Em janeiro deste ano, um ataque a tiros deixou 14 pessoas mortas e 16 feridas no bairro Cajazeiras, periferia de Fortaleza. Elas participavam de uma festa conhecida como "Forró do Gago", realizada em local próximo à Arena Castelão, e foram atingidas por tiros disparados por homens que invadiram o local. Entre os mortos, oito eram mulheres (duas menores de idade) e seis eram homens. 

Dois dias depois da que foi considerada a maior chacina da história do Ceará, uma briga entre grupos criminosos teve como resultado a morte de dez presos na Cadeia Pública de Itapajé, a 125 km de Fortaleza. 

Há uma semana, três mulheres foram torturadas e decapitadas com golpes de facão no bairro Vila Velha, em Fortaleza. Os criminosos filmaram os assassinatos e compartilharam as imagens. Na terça (6), a Polícia Civil havia capturado três suspeitos do crime, sendo um adolescente. 

Nesta sexta (9), mais dois homens foram detidos. Um deles, com passagens por roubo e homicídio, indicou o local onde os corpos foram enterrados. Lá, as equipes identificaram peças de roupa, pedaços de madeira e parte de um facão. A Polícia Civil trabalha com a hipótese de que a motivação dos crimes tenha relação com conflitos entre grupos criminosos rivais.

O número de homicídios no Ceará saltou de 3.407, em 2016, para 5.134 em 2017, aumento de mais de 50%. Em Fortaleza o aumento foi ainda maior, de 96% - saltou de 1.007 homicídios em 2016 para 1.978 no ano passado.

No ano passado, a versão brasileira do informe anual “O Estado dos Direitos Humanos no Mundo”, da Anistia Internacional, mostra que na região nordeste o Ceará se destaca pelos casos de homicídios múltiplos, caracterizados pelo fato de terem mais de três vítimas; ou as chacinas, homicídios múltiplos com características de execuções.

O documento cita três casos ocorridos na capital cearense em 2017, nos meses de fevereiro, junho e outubro: a morte de cinco pessoas no bairro Bom Jardim; a execução de seis homens no Porto das Dunas, no interior de uma casa; e as mortes de quatro jovens, entre 14 e 20 anos, também em uma casa.

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