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Crianças atravessam rio em boia para irem a escola no interior do Piauí

Com as fortes chuvas, o rio Longá encheu e o trecho onde moram 30 famílias ficou alagado

Yala Sena
Teresina
Crianças atravessam rio em boia para chegar à escola
Crianças atravessam rio em boia para chegar à escola - Reprodução

Amontoados em cima de uma boia de pneu de caminhão, três crianças atravessam um rio no interior do Piauí para irem à escola.

O flagrante é do professor Jefferson David Evangelista de Abreu, 34, que gravou um vídeo no último dia 26 mostrando o risco dos estudantes do povoado Passagem da Negra, no município de Campo Maior (a 78 km de Teresina).

Os estudantes estão se deslocando de boia desde o dia 21 de fevereiro, início do ano letivo. Com as fortes chuvas, o rio Longá encheu e o trecho ficou totalmente alagado. Cerca de 30 famílias que moram no povoado precisam atravessar o rio --a maioria, de boia, por não possuírem barcos.

A gravação mostra quatro pessoas em cima de uma boia --uma mãe com o filho de dois anos e duas meninas -- fazendo a travessia do rio e sendo puxado por um homem. Na imagem aparece um rapaz com água até o pescoço. As estudantes têm que atravessar com mínimo de roupa para não molharem o uniforme.

O professor, que mora às margens do rio, disse que fez o vídeo para denunciar a situação que é secular. "A gravação é um ato de indignação, pois é uma tragédia anunciada. Há  anos a população reivindica uma ponte e não sai", disse o professor.

Travessia de barco

Após a repercussão do vídeo do professor Jefferson Abreu, nas redes sociais e sites, veio a promessa da prefeitura de colocar barco à disposição dos moradores.

"O problema é eterno e a população sempre usou boia, mas a partir de segunda-feira (5) vamos colocar barco à disposição da população e dois salva vidas", disse o superintendente de Defesa Civil de Campo Maior, Edilson da Vargem.

Segundo a prefeitura, há dez anos a cidade não tinha um período rigoroso de cheias. A prefeitura ainda diz que não criou alternativa ao longo dos anos porque a população não reivindicou transporte para a travessia.

No local, nunca existiu nenhuma ponte ou outra via. Desde fevereiro chove forte na região, cenário que deve prosseguir até abril ou maio. 

Os moradores têm outra opção de ir à cidade, mas é mais longa, de 30 km. Eles preferem atravessar o rio e percorrer apenas 6 km para chegar a zona urbana do município.

Em nota, a Prefeitura de Campo Maior informou que tenta junto ao governo do Estado recursos no valor de R$ 2 milhões para a construção de uma ponte.

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