Histórico, Forte dos Reis Magos está abandonado em Natal

Mais importante monumento do Rio Grande do Norte está com estrutura precária

Foto mostra Forte dos Reis Magos, em Natal, em ruínas
Forte dos Reis Magos, em Natal, em imagem de final de janeiro, com estrutura deteriorada e poucos visitantes - Cledivânia Pereira/Folhapress
Cledivânia Pereira
Natal

A Fortaleza dos Reis Magos, o maior e mais importante monumento histórico do Rio Grande do Norte e símbolo da fundação de Natal, está desprotegida.

Por falta de conservação e segurança, as empresas que recebem turistas retiraram do roteiro a visitação à área. Pelo segundo verão seguido, nenhum ônibus com visitantes para no local.

Sem projeto museológico ou artístico para atrair público, a estrutura está com paredes mofadas, teto ameaçado por cupim, áreas interditadas, parte elétrica comprometida e buracos no piso.

Os poucos turistas avulsos que se aventuram no local saem decepcionados. “O forte é lindo, mas não há informação sobre sua importância histórica”, diz o sergipano Ícaro Soares, 54.

Turista de Brasília, Anderson Luiz Galdino, 42, se queixou da falta de segurança e de conservação da estrutura.“Há um completo cenário de degradação no prédio, sem qualquer informação ou garantia de segurança na visitação”, diz George Costa, membro do Sindicato das Empresas de Turismo do Estado.

O empresário estima que o forte perde hoje uma média de 20 mil visitantes por mês. “É o mais importante monumento histórico de Natal. É uma pena privarmos o turista desse conhecimento”.

Até 2013, segundo dados da Fundação José Augusto (FJA) - que administrou o local por quatro décadas - o monumento recebia, em média, 150 mil visitantes por ano. Atualmente, sem cobrança ou controle de entrada, esse fluxo não é contabilizado.

O monumento está aberto de terça à domingo. A segurança e manutenção é feita por só um vigilante e dois auxiliares de serviços gerais. 

Não há gestor ou recepcionista desde 2014, quando a administração passou fundação estadual para a superintendência regional do Instituto Histórico e Artístico Nacional (Iphan-RN).

Além dos três terceirizados diários, três guias autônomos resistem ao baixo movimento e continuam dando informações a grupos que aceitem pagar R$ 30 por meia hora.“A visitação caiu muito. Estamos no pior momento”, afirma Carlos Augusto Barros, 38. Ele trabalha há cinco anos no local e diz que, quando começou como guia, chegava a receber até R$ 500 por dia. Hoje, no máximo R$ 100.

Uma lojinha de artesanato fechou por falta de movimento. Uma pequena lanchonete, que vende apenas salgadinho industrializado e refrigerantes, ainda resiste.

História

Construída para proteger Natal na época da colonização do país, a fortaleza tem como única peça histórica ainda no prédio o original Marco de Touros.

Trata-se de uma pedra com entalhes, deixada pelos portugueses no litoral potiguar em 1501. Mas, sem informações no local, muitas vezes a peça passa despercebida.

Burocracia

O aspecto de abandono do prédio se estende desde 2014. Em 2013, a fortaleza passou do governo do Estado para o Iphan, órgão de patrimônio do Ministério da Cultura, com o argumento de que havia verba do PAC Cidades Históricas para restauro.

Os recursos, porém, nunca foram empregados. A gestão do forte voltou para o Estado no dia 15 de março deste ano. Iphan-RN e FJA já assinaram termo de 20 anos de cessão. O processo foi autorizado pela Secretaria do Patrimônio da União. O governador Robinson Faria (PSD) prometeu investimentos de R$ 5 milhões para a recuperação do prédio. As obras, financiadas pelo Banco Mundial, ainda não foram licitadas. 

O Iphan não respondeu por que os recursos do PAC não foram usados nem o motivo de o local ter ficado por anos em situação de abandono.

Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.