Descrição de chapéu Obituário Aloisio Nunes de Faria (1952 - 2018)

Mortes: Jornalista, sonhava com última viagem de trem

Fundou diário no Triângulo Mineiro e usou talento em cartas de amor

Flávia Faria
São Paulo

A jornada de trabalho no Panorama de Araguari, jornal que fundou, era árdua. Aloisio Nunes de Faria era repórter, fotógrafo e editor.

Nos momentos em que a pequena Araguari, cidade de 117 mil habitantes no Triângulo Mineiro, fervia, virava a madrugada na Redação. Mas, nos dias mais pacatos, praguejava e dizia que, fosse preciso, causaria ele mesmo um furdunço para conseguir uma notícia.

O jornalista Aloisio Nunes de Faria
O jornalista Aloisio Nunes de Faria - Acervo pessoal

Começou a trabalhar na gráfica da Gazeta do Triângulo aos 12 anos, juntando pecinhas para formar textos. Já adulto, formou-se em administração, mas sempre foi jornalista. Ler e escrever eram as coisas que mais sabia fazer.

Quando conheceu a esposa, Eliane, tinha 18 anos. Ela, aos 14, era proibida pelo pai de namorar. Ele então usava suas habilidades de escritor em longas cartas de amor, datilografadas na máquina portátil que ganhara da família.

Namoraram por correspondência e às escondidas por quatro anos, até que Aloisio finalmente conseguiu a bênção do sogro. Entre namoro e casamento, foram 50 anos ao lado um do outro.

O casal deixou um último sonho irrealizado. Queriam viajar de Belo Horizonte a Vitória de trem. Filhos de ferroviários, planejavam levar junto os netos, para que os pequenos sentissem um pouquinho do que os dois viveram na infância.

Aloisio morreu no dia 18, aos 65 anos, em decorrência de um aneurisma. Deixa a mulher, os três filhos, Leonardo, Juliana e Aloisio Filho, e os quatro netos, Rebeca, Alice, Cecília e Enrico.

No seu velório estavam presentes centenas de cidadãos de Araguari, dos mais célebres aos mais anônimos. É que Aloisio tinha por hábito fazer amigos, fosse na padaria, fosse nas Redações. Como partiu de surpresa, todo mundo fez questão de se despedir.


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