Descrição de chapéu Obituário Irene Araújo de Camargo Pires Fumach (1957 - 2018)

Mortes: Vereadora do interior de SP cuidou de crianças a idosos

Seu orgulho era ser reconhecida como professora, ofício que herdou da mãe

Thaiza Pauluze
São Paulo

Onde tivesse um trabalho voluntário em Itatiba, a cerca de 80 km da capital paulista, era possível achar Irene Fumach e seu sorriso fácil —​fosse envolvendo crianças, idosos, animais ou pessoas com HIV.

Nascida numa fazenda de café e filha de pai lavrador, ela rumou aos 11 anos para o centro da cidade, onde seria eleita vereadora por três mandatos. Mas a profissão que a pedagoga gostava de ser reconhecida era a de professora, ofício herdado da mãe. 

 

Mostrava verve social tanto na sala de aula como na Câmara Municipal. Ainda aluna, a caçula de quatro irmãos já dividia o lanche e até mesmo os sapatos. Legisladora, fez passar uma lei de castração de animais da população de baixa renda e ajudou na criação do conselho de atenção às pessoas com deficiência. 

Sua maior dedicação, no entanto, era por um projeto de melhoria da vida de idosos. Organizava de bailinhos a rodas de samba, de viagens a cursos de costura e de culinária para sessentões, como ela.

Deu certo. Uma senhora incentivada a aprender a nadar ganharia 50 medalhas nos jogos estaduais de idosos. Outra se viu livre de remédios ao começar a dançar, também com seu empurrãozinho.

Já a paixão de Irene era o piano. Ora tocava "Fascinação" de Elis Regina, ora a peça francesa "Le Lac de Come". Na fé, se dividia entre catolicismo e Mahikari (seita japonesa).

Em casa, mantinha a fama de mãe cri-cri com limpeza e a tradição de, à tarde, ter sempre o bolo com café, rodeada pelos mais chegados —​não podia ver a casa vazia. 

Também não ostentava o cargo de primeira-dama nos três mandatos de prefeito do marido, José Roberto Fumach, com quem vivia há 41 anos, e que hoje ocupa a vice-prefeitura.

Nos últimos meses, Irene se afastou da política e dos projetos sociais, por mais tempo com a família. Seu maior sonho, de ser avó, foi realizado no fim da vida, quando já lutava contra o câncer no cérebro. Antes de ser vencida pela doença, abriu seu mais bonito sorriso: ao ver nascer o neto.
 
Aos 61, deixa três irmãos, o marido, os filhos José Roberto Júnior, Luciana e Bruno, e o neto, Filipe.​


coluna.obituario@grupofolha.com.br

Veja os anúncios de mortes

Veja os anúncios de missas​​​​​​

Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.